Como Dilma imagina voltar à presidência 21/05/2016
- Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO
Muito simples: ou o país se rebela e exige a volta da presidente Dilma ao cargo, ou o governo do presidente em exercício Michel Temer fracassa rapidamente. À falta de outro presidente, Dilma voltaria.
A primeira hipótese é impossível. Não haverá rebelião porque a esmagadora maioria dos brasileiros é a favor do impeachment de Dilma. E a culpa é dela que mentiu muito e governou pouco e mal.
De resto, legou a Temer uma herança maldita cuja verdadeira dimensão ainda não foi bem avaliada até aqui. Os números oficiais, que estão sendo garimpados, ou estão errados ou foram manipulados.
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Na primeira semana de governo, Temer ficou sabendo que o rombo nas contas é superior ao que Dilma havia previsto para este ano. O déficit fiscal passará de R$ 96,7 bilhões para R$ 170 bilhões.
O novo ministro da Secretaria do Governo, Geddel Vieira Lima, assustou-se há dois dias com a informação de que 1.400 servidores estão lotados no seu gabinete no Palácio do Planalto.
O total de servidores do palácio é superior a seis mil. Se toda essa gente fosse obrigada a comparecer ao seu local de trabalho não haveria espaço suficiente para abriga-la – a não ser de pé.
Há 50 mil unidades do programa Minha Casa Minha Vida prontas, segundo o novo ministro de Cidades. Dilma planejava entrega-las aos poucos para poder participar de um maior número de inaugurações.
Quanto ao fracasso do governo Temer, outro meio no qual Dilma acredita para salvar-se do impeachment: é improvável que isso ocorra antes de o Senado cassar o mandato e os direitos políticos da presidente afastada.
Temer foi competente ao escalar um time de primeira para cuidar da economia. O resto do time foi escalado pelos partidos em troca de garantir a Temer maioria para vencer a batalha final contra Dilma.
A primeira fornada de medidas econômicas será despachada na próxima segunda-feira para o Congresso. É da tradição do Congresso aprovar tudo o que um presidente debutante pede.
A Justiça costuma fingir não ver defeitos nas medidas inaugurais de um um governo novo. Sim, falta respaldo popular a Temer. Mas sua legitimidade é indiscutível e o momento muito grave.
Resta a Dilma ocupar-se com eventos promovidos pela militância do PT, que não tem esperança na volta dela, mas que está empenhada em desgastar o novo governo.