Heloisa Helena ataca Lula e promete auditar as privatizações 01/09/2006
- Folha Online
Heloísa Helena, que concorre à Presidência da República pelo PSOL, voltou a bombardear o governo Lula e prometeu realizar auditorias nas privatizações realizadas durante o governo FHC (1995-2002) para apurar supostos ¨crimes contra a administração pública¨, durante entrevista ao Jornal da Globo na madrugada desta sexta-feira.
Ainda falando sobre as empresas privatizadas, Helena atacou indiretamente a Telefonica e prometeu rever os contratos com a empresa. ¨Hoje, as tarifas telefônicas pagas no Brasil estão pagando os usuários da Espanha¨, afirmou.
PUBLICIDADE
Na entrevista, Helena afirmou que, ao contrário do que afirma seu plano de governo, não tem um plano pronto de reestatizar as empresas caso seja eleita. ¨Quando eu passei quatro anos dizendo que o governo Fernando Henrique patrocinou crimes contra a administração pública nos processo de privatização, isso me impõe abrir um procedimento investigatório para mostrar ao povo brasileiro se o processo foi legal¨, afirmou.
Ela afirmou que pretende acatar a decisão dos eleitores sobre as privatizações. ¨Se por acaso a população brasileira decidir que as empresas continuarão privatizadas, as empresas continuarão privatizadas¨, afirmou.
¨Patifaria política¨
A candidata voltou a atacar o governo petista com veemência. ¨Delinqüentes de luxo¨, ¨balcão de negócios sujos¨, ¨patifaria política¨, ¨banditismo¨, ¨orgias com dinheiro público¨ e ¨gangue partidária¨ foram alguns dos termos usados por Helena para se referir à gestão Lula nos 18 minutos da entrevista.
A candidata do PSOL reafirmou que Lula tinha conhecimento dos esquemas de corrupção montados em seu governo. ¨Seria impossível quadros importantes, dirigentes partidários, ministros, montarem um esquema de corrupção, de tráfico de influência, intermediação de interesse privado, exploração de prestígio, corrupção passiva e ativa, sem o presidente da República comandar diretamente o processo¨, disse.
Tensão e fugas
O clima da entrevista foi tenso. Falando muito e rapidamente, Helena em vários momentos fugia às perguntas e chegou a começar uma resposta antes que a questão tivesse sido colocada. Os entrevistadores William Waack e Christiane Pelajo tiveram de interromper Helena em vários momentos e chamar sua atenção para perguntas que não eram respondidas.
Perguntada como agiria no caso de uma greve no funcionalismo público, Helena disparou a falar sobre a importância da educação básica. Quando Pelajo insistiu com uma pergunta direta -- se ela cortaria o ponto de servidores em greve num setor essencial --, a candidata novamente digressou e falou sobre a área de saúde, saneamento básico e ¨doenças crônico-degenerativas¨.
Depois de muita insistência, Helena reafirmou que não teria de enfrentar greves porque pretende fazer uma ¨pactuação transparente¨ com os trabalhadores do setor público: ¨Paralisação só há quando a arrogância, a inconseqüência política, o eleitoralismo ou qualquer outro legalismo acaba obstaculizando o funcionamento público¨, disse.