O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Mais uma narrativa (muito louca) sobre o impeachment
27/05/2016 - Blog de Leandro Narloch - Veja.com

A revelação das conversas de Sergio Machado com Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney motivou uma nova narrativa sobre o impeachment. Muitos petistas agora acreditam numa história mais ou menos assim:

Apesar do excelente desempenho na economia, das ótimas taxas de desemprego, dos avanços sociais dos últimos três anos, da responsabilidade com as contas públicas, da confiança que o governo inspirou em investidores estrangeiros, da alta popularidade da presidente e do fato de não haver protestos populares em defesa do impeachment, o PMDB se voltou contra o governo Dilma unicamente porque acreditava que o impeachment estancaria a Operação Lava Jato, livrando diversos peemedebistas da investigação. Está portanto provado que o impeachment só serviu a motivos escusos.

Sei lá, me parece um pouco mais sensato acreditar que políticos nadam conforme a maré. Para os peemedebistas decidirem pelo impeachment e romperem uma década de aliança com o PT, diversos fatores pesaram: os protestos de rua (maiores da história), a baixa popularidade da presidente (menor da história), o constrangimento da nomeação de Lula para o ministério, a sensação de que Dilma estava levando o país rumo ao calote ou à hiperinflação, a falta de maioria no Congresso para aprovar reformas de ajuste fiscal.


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Os crimes de responsabilidade, ignorados pelo PMDB até anteontem, serviram para afastar um governo obviamente sem condições de governar. Para alguns peemedebistas (Jucá), houve um fator adicional: a crença de que o impeachment estancaria a Lava Jato. Outros (Renan) custaram a apoiar o processo por acreditar que manter o governo Dilma era a melhor forma de manter o alvo no PT, e não no PMDB.

É enorme a vontade das pessoas de esquerda de negar o fracasso do governo Dilma e tirar a legitimidade do impeachment.

Dá para entender, portanto, por que se deixam contagiar por qualquer conto de fadas.

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