Dentro e fora de campo 21/06/2016
- FOLHA DE S.PAULO
A Confederação Brasileira de Futebol oficializou nesta segunda-feira (20) a contratação de Adenor Bacchi, o Tite, para o cargo de técnico da seleção. A mudança de comando se tornou obrigatória após a vergonhosa desclassificação na primeira fase da Copa América.
As alterações não se limitaram ao novo treinador. Tite traz junto parte da comissão técnica com que trabalhava no Corinthians. Ademais, Edu Gaspar, ex-gerente de futebol da equipe paulista, assumirá a função de coordenador de seleções.
Considerado o melhor técnico do país em atividade, Tite terá a missão não só de recuperar a qualidade e o prestígio da seleção brasileira, que coleciona fracassos desde o vexame na Copa do Mundo de 2014, mas também de classificá-la para o Mundial de 2018, na Rússia.
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Parece o nome certo para o desafio. Nos últimos anos, Tite conquistou títulos importantes, estagiou em times europeus de renome e repassou a seus jogadores um padrão de jogo diverso do estilo carrancudo e ultrapassado de Dunga.
Ao menos por ora, todavia, as esperanças de melhora do nosso futebol se limitam às quatro linhas. Fora delas, a crise permanece.
José Maria Marin, ex-presidente da CBF (2012-2015), cumpre prisão domiciliar nos EUA. Seu antecessor, Ricardo Teixeira (1989-2012), foi indiciado em dezembro pela Justiça norte-americana por fraudes da ordem de US$ 200 milhões.
Os dois são acusados pela Justiça dos EUA de envolvimento em esquemas criminosos de subornos e propinas relacionados sobretudo a contratos de televisão —um escândalo que atingiu toda a Fifa.
A mesma suspeita recai sobre o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que também é investigado pelo Comitê de Ética da Fifa e por duas CPIs.
Orientado por seus advogados a não viajar para o exterior — imagina-se que por receio de ações do FBI —, Del Nero não deixa o país desde que o escândalo da Fifa estourou, há mais de um ano.
O chefe da entidade responsável pelo futebol brasileiro, assim, tem faltado não apenas aos eventos e reuniões da Fifa como às partidas da seleção no exterior. De que autoridade pode gozar alguém com tal comportamento?
Durante sua apresentação, Tite elencou a transparência, a modernização e a excelência como princípios que norteiam sua atuação no futebol. São conceitos que andam em falta sobretudo fora de campo — e a chegada do novo treinador, infelizmente, terá pouco ou nenhum efeito em relação a isso.