Dilma fará acenos à equipe econômica de Temer para tentar se salvar do impeachment 14/07/2016
- NATUZA NERY - PAINEL DA FOLHA DE S.PAULO
Longe do gueto
Foi calculado o discreto elogio de Dilma Rousseff a Henrique Meirelles (Fazenda). A presidente afastada tem sido fortemente orientada a sinalizar que manterá a equipe econômica de Temer caso reassuma o poder.
Serão feitos acenos aos poucos. Para voltar, Dilma mandará recados de mudanças também no time político.
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A tática é vender um projeto de governabilidade, inclusive com menos PT nos postos de comando. A chance de reversão do quadro no Senado, porém, ainda é vista como remota.
De emocionar
Dilma chamou Meirelles de “pessoa competente”. Mas nunca foi fã do ministro.
Para você
O elogio teve endereço certo: Cristovam Buarque (PPS), autoproclamado indeciso no impeachment, já disse querer ver a equipe econômica mantida.
Liberei
Na tarde de ontem, quarta (13), o Planalto deflagrou operação para que partidos retirassem candidaturas. Pouco depois, o PRB anunciou apoio a Rogério Rosso (PSD).
Vai encarar?
O governo entrou na disputa para arbitrar seus interesses: ter Rodrigo Maia e Rogério Rosso no segundo turno.
“Desafio alguém a dizer que pedi votos para um ou para o outro”, disse um ministro.
Bombeiro
Temer falará com todos os derrotados, um por um. Quer fechar rápido as feridas abertas pela disputa.
Choquei
Waldir Maranhão (PP-MA) titubeou nervoso por dez segundos antes de explicar à coluna o que conversou com Dilma na segunda (11), no Alvorada.
E resumiu assim o encontro: “A política permite conversarmos com os personagens políticos da República”.
Tecla SAP
Gilberto Nascimento (PSC-SP) usou um holograma para buscar votos. Antes de retirar sua candidatura, pedia apoio em carne e osso num canto da Câmara, enquanto a versão virtual atuava em outro.
Um gaiato notou: “Assim vai ser eleito para a Câmara de Star Wars”.
In loco
Antes da votação, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) foi à liderança do DEM. Ficou lá por cerca de uma hora. De tempos em tempos, mandava relatos ao irmão, o ministro Geddel Vieira Lima, articulador político de Temer.
Ecumênico
Lúcio Vieira Lima, porém, dizia-se neutro. Quando abordado por colegas da Câmara, afirmava que havia tomado café da manhã com Giacobo, almoçado com Rosso e que iria jantar com Maia.
Entrelinhas
Entre deputados, ficava claro que o humor do governo em relação a Rodrigo Maia mudara no fim do do dia quando a vitória do democrata parecia se tornar viável.
Fez a limpa
Antes de deixar o cargo, Waldir Maranhão demitiu todos os remanescentes da gestão Cunha, incluindo uma funcionária que trabalhava há 12 anos no gabinete da presidência.
Precisa-se
Depois, Maranhão usou os cargos vagos para acomodar indicados de deputados em troca de votos. Ele foi cabo eleitoral de Maia.
Fui!
O procurador Marcello Miller, que estava à frente das negociações dos acordos de delação premiada com Odebrecht e OAS, deixou de fazer parte do grupo de trabalho da PGR que atua na Lava Jato. Ele retorna ao Ministério Público Federal, no Rio.
Mas como?
Colegas da Procuradoria-Geral da República dizem que ele pediu para sair por questões pessoais e que Miller continuará “colaborando”. As defesas das empreiteiras o viam como “duro”, mas “equilibrado”.
Sente a pressão
Um ministro de Temer diz que chegou à Esplanada a mensagem dos empresários de que será preciso mostrar trabalho após o impeachment.
“Se, até novembro, não houver medidas concretas sobre a mesa, o governo morreu”.
Fidelidade seletiva
Na noite de terça (12), o PT ainda tentou que o PR trocasse Giacobo por Wellington Roberto como candidato da sigla à presidência.
Petistas achavam que, assim, a bancada votaria unida. Giacobo votou a favor do impeachment. Já Roberto foi contra.
Só que não
Valdemar Costa Neto e Antônio Carlos Rodrigues, principais líderes do PR, não aceitaram o acordo, mesmo após a romaria de parlamentares do PT, PC do B e PDT. Os três partidos prometiam se juntar ao bloco.
Agora vai?
O governo acredita que, ainda neste mês, será possível fechar um acordo com a Samarco de reparação dos danos causados pela tragédia em Mariana. O MPF questiona o valor acertado com a empresa.
Vem na minha
A Apex, agência de promoção de exportações, dará mais ênfase à área de atração de investimentos ao país. A ideia é que o órgão, agora atrelado ao Itamaraty, tenha protagonismo também nesta frente, além das missões comerciais.
TIROTEIO
A eleição da Câmara virou recall indireto da base de apoio de Temer. Apesar de o Palácio do Planalto jurar que não iria se meter.
Do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), sobre a entrada de Marcelo Castro na disputa e a atuação do governo para desidratar o peemedebista.
CONTRAPONTO
Cortou meu barato
Enquanto os discursos dos candidatos a presidente da Câmara aconteciam no plenário, deputados do DEM jantavam na liderança do partido, a poucos metros do local de votação.
Rodrigo Maia (RJ), então, resolveu se dirigir ao local para comer alguma coisa.
Passara o dia rodando por gabinetes sem ter muito tempo para encher o estômago.
Ao chegar ao gabinete do partido, foi aclamado aos gritos de “presidente”.
O grupo animado foi logo interrompido pelo comentário de um dos presentes: