Crédito para produzir e baratear alimentos 21/07/2016
- O ESTADO DE S.PAULO
A alta dos preços dos alimentos tem sido uma das principais fontes de pressão sobre a inflação em 2016 e não se pode dizer que isso se deve apenas a fatores sazonais.
Condições climáticas desfavoráveis, de fato, afetaram seriamente a oferta interna de alimentos essenciais na mesa do brasileiro, como o feijão e, mais recentemente, o arroz, cuja safra foi afetada pelas chuvas que provocaram grandes perdas nas lavouras do Sul do País.
A isso se acresce uma forte demanda internacional por commodities exportadas, como soja e milho, que afetaram os preços das rações e, por consequência, os preços de leite, carnes e ovos.
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Importações estão sendo feitas para sanar falhas no abastecimento, embora, como no caso do feijão, haja escassa oferta no mercado internacional.
A solução, claro, é estimular a produção e, nesse sentido, uma medida oportuna foi tomada pelo Banco do Brasil (BB) há dias.
No momento apropriado, quando os produtores tomam as decisões de plantio da safra 2016/2017, o BB anunciou que colocará à disposição R$ 101 bilhões para o financiamento da agropecuária, sendo 93% dos recursos a taxas inferiores às de mercado.
O BB responde por 61% do crédito agrícola no País e é significativo notar que o total previsto é 10% superior ao desembolsado na safra anterior.
Do total, R$ 91 bilhões devem ser destinados a produtores e cooperativas e R$ 10 bilhões a empresas do agronegócio.
Se crédito não deve faltar, os bons preços atualmente praticados funcionarão como incentivo para produzir.
Evidentemente, o volume da produção vai depender das condições climáticas.
Mas, se os estímulos agora oferecidos forem suficientes e, assim, permitirem que as colheitas levem à redução ou à estabilidade dos preços de alimentos diversos, isso contribuirá para conter a inflação, abrindo mais espaço para a redução da taxa básica de juros.
Além disso, haverá um efeito psicológico importante.
O consumidor tem-se assustado ao ir às compras nos supermercados e se deparar com a disparada dos preços dos alimentos, e não sem razão.
Os cálculos correntes no mercado são de que a inflação apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo IBGE deve fechar este ano em torno de 7%, enquanto os preços dos alimentos devem subir 11%.
Se a alimentação ficar mais barata, a política econômica do governo ganhará, sem dúvida, mais credibilidade junto à população.