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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Dilma dá adeus à Brasília
06/09/2016 - Blog de Ricardo Noblat - O GLOBO

Esta tarde, a ex-presidente Dilma Rousseff voará de volta a Porto Alegre pela última vez em um jato da Força Aérea Brasileira. Ao longo do dia, quatro caminhões deixarão o Palácio da Alvorada levando os pertences que ela acumulou por lá desde janeiro de 2010 quando ali pisou pela primeira vez.

Bons tempos aqueles para os que acreditavam nos generosos sonhos do PT. Nos jardins do palácio ainda havia uma gigantesca estrela vermelha à base de flores plantada pelo casal Lula da Silva. Funcionava como um sinal da ocupação que o partido imaginava prolongar por 20 anos ou mais. O projeto parecia factível.

Lula governara o país por oito anos. Elegera Dilma para mais quatro. Se não quisesse voltar em 2014, daria um jeito de reelegê-la como acabou fazendo. Voltaria em 2018 para, se fosse o caso, se reeleger em 2022. Só aí teriam se passado 24 anos. Mais do que os 20 anos que estiveram no cálculo do PSDB quando Fernando Henrique se elegeu em 1994.


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O plano do PSDB gorou depois de oito anos tão logo a economia começou a emborcar. O do PT ao cabo do governo mais desastroso da história recente do país, os cinco anos e quase seis meses de Dilma. Sua herança maldita mistura a mais cruel recessão econômica desde os anos 30 do século passado com o maior escândalo de corrupção que já vimos.

Bem ou mal sucedidos, os antecessores de Dilma – à exceção, naturalmente, dos generais presidentes – foram políticos testados em várias eleições. Ela, não. Nunca fora eleita para coisa alguma, nem mesmo para síndica do prédio onde morava em Porto Alegre. De resto, não gostava de política, detestava os políticos e não ambicionava o poder.

Foi uma candidata a presidente construída pelo marketing. E eleita como “a mulher de Lula”. Quando soube que fora reeleita, uma das primeiras coisas que confidenciou aos que a cercavam no Palácio da Alvora foi: “Nunca mais”. Repetiu a mesma frase depois de saber que a Câmara dos Deputados aprovara a instauração do seu processo de impeachment.

Que ninguém espere sua volta mais adiante em condição alguma. Foi um equívoco que ela mesma pretende esquecer. Um equívoco que infelicitou o país.



  

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