De volta ao futuro 10/10/2016
- PAULO GUEDES - O GLOBO
A aprovação da proposta de emenda constitucional que limita a expansão dos gastos públicos (PEC 241) é decisiva não apenas para o curto mandato do governo Temer, mas principalmente para o futuro do país.
Sinal de governabilidade após o impeachment, indica capacidade de coordenação política e anuncia também, na dimensão econômica, uma gradual recuperação das finanças públicas.
Uma importante ferramenta das lideranças partidárias para a aprovação da PEC 241 é “fechar questão”, o que tenho chamado de “cláusula de votação em bloco”, garantindo todos os votos do partido no assunto sob exame.
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Quando associado a uma “cláusula de fidelidade partidária”, esse fechamento de questão tem se demonstrado um instrumento efetivo de governabilidade.
Sempre que acionado, viabilizou apoio parlamentar orgânico e no atacado, sem a necessidade de recorrer à compra disfuncional e no varejo de um apoio mercenário que desmoraliza os partidos e a fidelidade partidária de seus membros.
A ininterrupta escalada dos gastos públicos como porcentagem do PIB é um problema estrutural herdado do antigo regime militar.
Foi agravada por sucessivos governos de uma obsoleta social-democracia, que lubrificou fisiológicas alianças com piratas privados e criaturas do pântano político à base de despesas crescendo sempre acima da inflação.
Essa falta de compromisso com o controle de gastos públicos foi o calcanhar de aquiles de todos os nossos programas de estabilização.
A PEC 241 assegura a reversão dessa explosiva trajetória dos gastos públicos em relação ao PIB, por um horizonte de 20 anos.
Prisioneiros da armadilha do baixo crescimento, com juros astronômicos e impostos excessivos, custamos a perceber que a estagflação na economia e a corrupção na política são as duas faces dessa perversa dinâmica fiscal.
São legítimas as ampliações de gastos de uma democracia emergente em Saúde, Educação e Previdência Social.
É meritória a democratização dos orçamentos públicos com programas sociais de transferência de renda.
Mas, após três décadas de redemocratização, sofremos ainda pelo despreparo a respeito das necessárias reformas que tornem sustentáveis as trajetórias desses gastos.
A aprovação da PEC 241 é apenas o primeiro passo de volta a um futuro de prosperidade.