Crime está migrando para a política, diz Alckmin 20/10/2006
- Folha Online
O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, fez menção a uma ligação indireta entre os ataques do crime organizado em São Paulo e o PT. Falando em intenção ¨político-eleitoral¨, o ex-governador de São Paulo disse ser óbvio que há ¨beneficiários¨ destas ações.
¨Claro, que tinha o lado político-eleitoral [nos ataques do PCC]. Isso aí não foi por acaso. Claro que era uma guerra de opinião pública, jogar a opinião pública contra o governo em período eleitoral. E claro que tem beneficiários disso¨, afirmou Alckmin em entrevista à ¨Rádio CBN¨.
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Seguindo o raciocínio, fez uma menção velada, mas mais direta, entre criminalidade e o governo do PT. ¨No Brasil, o crime está migrando para a política. Este é um fato. É só a população olhar e vai ver a quantidade de ações criminosas, aliás não esclarecidas, na política brasileira¨, disse Alckmin.
O candidato do PSDB teve de responder a temas considerados polêmicos. Foi seco ao responder sobre sua ligação com a Opus Dei -- prelazia da Igreja Católica. Disse apenas ¨não sou¨. E mostrou desconforto ao falar sobre episódio envolvendo sua esposa, Lu Alckmin. ¨Todos os argumentos do PT estão aparecendo aqui¨, reclamou.
A nome da ex primeira-dama de São Paulo surgiu no debate eleitoral quando surgiu a informação de que ela teria recebido 400 peças de alta costura. À época, Lu respondeu que doou todas para instituições de caridade.
Alckmin fez questão de dizer que sua mulher jamais foi funcionária pública ou recebeu ¨um centavo¨ dos cofres públicos e que sempre trabalhou como voluntária, apoiando seus mandatos públicos.
Sobre o tema que parece dominar o debate do segundo turno, o ex-governador teve de responder sobre a privatização de rodovias e o valor alto dos pedágios cobrados nas estradas paulistas.
¨Não é privatização, é concessão. Privatização é venda de ativo¨, destacou Alckmin, dizendo que o patrimônio das rodovias volta para o Estado depois do fim do contrato com a concessionária.
Segundo ele, é uma questão de ¨justiça social¨ cobrar pedágio. ¨Alguém paga pela rodovia. Pode ser a dona Maria, que mora na favela e não usa a estrada, mas paga imposto no açúcar que compra. Ou quem usa a estrada¨, comentou.
Previdência
Alckmin insistiu que sua grande pauta para garantir o crescimento do país é o ajuste fiscal, ou corte de gastos públicos. Questionado se o combate à corrupção e ao desperdício -- mantra adotado em sua campanha -- não seria insuficiente e se o problema não estaria na questão da previdência, o tucano foi dúbio.
Reconheceu o problema do déficit, mas que ele seria de responsabilidade da previdência dos servidores públicos. Para Alckmin, é necessário regulamentar a PEC da Previdência do Setor Público, para implementar o pagamento de teto e a opção do fundo de pensão para quem ganha mais do isso. Porém, disse que não pode cassar direitos adquiridos.
Aos aposentados e pensionistas do INSS, garantiu que vai dar o ¨máximo de aumento¨, enquanto se restringe o pagamento aos aposentados do setor estatal. Foi uma maneira de criticar o veto do seu adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao reajuste de 16% nos valores das aposentadorias este ano. O governo concedeu 5%.