Cuiabá é a cidade da virada! Lula, que havia perdido no primeiro turno das eleições a presidente para Alckmin por 8%, deu a volta por cima na etapa seguinte e venceu por 11% ou cerca de 30 mil votos de frente.
A vitória em Cuiabá foi impulsionada pela explicitação das diferenças das duas candidaturas via meios de comunicação e pela política de apoios. Mas principalmente pela força da militância petista, que no segundo turno ocupou as praças do centro, fez várias panfletagens e adesivagens em feiras e sinaleiros, puxou reuniões em bairros, universidades e sindicatos, promoveu atos públicos, pôs “praguinhas” e estrelas no peito, vestiu camisetas de campanha e empunhou o discurso do enfrentamento ao modelo tucano-privatista e da valorização da política social do governo Lula.
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A união desses fatores derrotou a investida do prefeito tucano, Wilson Santos, que se afastou do cargo para fazer campanha para Alckmin, e deu uma severa resposta ao preconceito contra nordestinos, pobres e deficientes físicos estampado em adesivos.
A maior parte das pessoas que votou em Cuiabá em 29 de outubro teve o discernimento de que o melhor projeto para a cidade e o país passa pela distribuição de renda e ampliação do acesso de crianças e jovens pobres à educação. Pela intensificação de políticas públicas relativas à diversidade sexual, à geração de emprego e renda. Pela redução dos preços dos alimentos, materiais de construção e maior oferta de crédito. Pelo estabelecimento de uma política externa realmente de Estado, fortalecimento dos laços comerciais e de amizade em relação aos países da América Latina.
E essa percepção quanto ao que é melhor, entende-se, partiu fundamentalmente de quem ainda muito sofre com a má qualidade de vários serviços públicos em Cuiabá, sobretudo o transporte coletivo, a coleta de lixo, o saneamento básico e a saúde.
Além disso, partiu do entendimento de que a política privatista do governo Wilson Santos representa perigo. Esse modelo de administração se verificou em diversas ações. Entre elas na venda das contas públicas ao Banco Real em junho de 2005 por R$ 12,8 milhões e na manutenção da cobrança do IPTU por uma empresa terceirizada, que, conforme foi veiculado pela mídia local, provocou um rombo de R$ 1 milhão.
Cuiabá deve continuar em ritmo de virada.
*Gibran Lachowski, jornalista em Cuiabá, mestrando em Estudos de Linguagem da UFMT e militante do PT