Justiça dos EUA recebe primeiras ações sobre vôo 1907 06/11/2006
- Folha Online e Folha de S.Paulo
Um escritório norte-americano de advocacia deverá levar nesta segunda-feira à Justiça dos Estados Unidos as primeiras ações indenizatórias movidas por parentes de algumas das 154 pessoas mortas na queda do Boeing da Gol -- ocorrida dia 29 de setembro, em Mato Grosso. De acordo com o advogado Manuel von Ribbeck, o escritório representará cerca de 60 famílias.
O Boeing caiu depois de bater no ar em um Legacy da empresa de táxi-aéreo norte-americana ExcelAire. O avião comercial caiu em uma região de mata fechada, e todos os seus ocupantes morreram. Mesmo com os danos sofridos na colisão, o Legacy conseguiu pousar e nenhum dos seus sete ocupantes -- seis norte-americanos -- ficou ferido.
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Os processos serão contra a Boeing, que fabricou o avião da Gol; a ExcelAire, proprietária do jato Legacy que se chocou com o Boeing; e a Honeywell, que produziu o sistema de alarme anticolisão.
Ribbeck afirma que a Justiça dos Estados Unidos não exige provas para entrar com ação por danos morais ou materiais. Já no Brasil, segundo o advogado, é necessário primeiro identificar quem foi o responsável pelo acidente para depois acionar a Justiça.
¨O governo [brasileiro] não pode dizer às famílias de quem é a culpa, e a lei não poderá oferecer uma compensação justa para estas famílias até que a culpabilidade de todas as partes seja estabelecida.¨
O advogado disse que o motivo pelo qual entrou com a ação tão rápido nos Estados Unidos é porque não quer que documentos ¨desapareçam¨.
Nas ações que vai entregar nesta segunda, Ribbeck disse que pedirá ao juiz que a Boeing forneça as informações sobre a fabricação do modelo 737 adquirido pela Gol. À ExcelAire, vai solicitar os registros do treinamento da tripulação do Legacy que estava no jato no dia do acidente. O advogado não revelou o valor pedido nas ações para indenizar as famílias das vítimas, mas adiantou que será de ¨alguns milhões de dólares¨.
Em um caso semelhante ocorrido na Argentina, Ribbeck afirmou ter conseguido uma indenização de US$ 400 milhões às famílias dos passageiros. Se conseguir convencer os juízes americanos no caso da Gol, o advogado ficará com 20% do valor recebido pelas famílias.
Os advogados estrangeiros foram contratados por iniciativa de familiares do publicitário Mário André Leite Lleras e do filho dele, Daniel Lleras, 5, mortos no acidente.