capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 23/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.934.260 pageviews  

MT Cards Que tal mostrar a cara de Mato Grosso?

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Ano novo, velhos fantasmas
31/12/2016 - ADRIANA CARRANCA

Aos que torcem para que logo venha meia-noite, como eu, espero de coração que a virada traga novas alegrias. Mas é preciso lembrar que teremos de lidar em 2017 com as consequências deste ano — um ano em que nossa humanidade (compaixão, princípios e valores) foi testada à exaustão, e os limites da barbárie e da falta de ética, alargados talvez de forma irreversível. É um ano que nasce velho.

O magnata Donald Trump assumirá a Casa Branca e o posto de comandante em chefe da maior potência militar do mundo, com acesso ao arsenal nuclear e aos protocolos e códigos que permitem acionar um ataque de onde estiver.

Trump é uma incógnita. Se cumprir com as palavras em campanha, poderá reduzir o papel dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar estabelecida em 1949 entre Washington, Canadá e dez países da Europa ocidental, e hoje com 28 integrantes, contra a União Soviética, e na ONU, que surgiu no rastro da Segunda Guerra para garantir que tragédias como tal não mais acontecessem (os EUA respondem por algo como 22% do orçamento das duas instituições).


PUBLICIDADE


Também poderá aumentar o protecionismo e retirar o país de tratados de livre comércio, bandeira com que as democracias liberais do Ocidente expandiram sua influência no último século.

Ao mesmo tempo, o Reino Unido começará a preparar sua retirada da União Europeia.

Os governos de Trump e da primeira-ministra britânica, Theresa May, defensora do Brexit, devem servir de combustível para a ascensão de outros líderes e movimentos nacionalistas em França, Alemanha e Holanda, onde haverá eleições em 2017.

O descontentamento que levou aos resultados deste ano se deve em grande parte a uma economia global que continua a beneficiar de forma desigual os ricos, e essa desigualdade continua a ser o motor da instabilidade.

“A concentração econômica está permitindo a empresas extrair lucros recordes”, escreveu esta semana Adrian Wooldridge, da “Economist”. “Gigantes como Google e Amazon desfrutam de fatias de mercado não vistas desde o final do século XIX, a era dos barões ladrões” (capitalistas milionários que adquiriam fortunas nos EUA com métodos pouco escrupulosos).

O protecionismo proposto pelos populistas para recobrar os empregos não só deixará de cumprir a promessa e atender as demandas dos eleitores como pode resultar na desaceleração ainda maior da economia, como nos EUA dos anos 1930, quando o protecionismo levou ao desastre econômico.

Os novos tempos anunciam velhos fantasmas.

A política externa será dirigida por interesses nacionais e não por valores ou pelo conceito da comunidade internacional, acredita Simon Fraser, chefe da diplomacia britânica até o ano passado, que prevê um novo período de enfrentamento nos moldes da Guerra Fria.

À BBC, ele disse: “A era pós-Guerra Fria de globalização liderada pelo Ocidente, predominância dos EUA e confortável ascendência dos valores liberais internacionais acabou.”

Em seu livro “A quarta revolução: a corrida global para reinventar o Estado” (Companhia das Letras), John Micklethwait e Wooldridge mostram como a desilusão com os governos ocidentais se tornou endêmica e põe em risco o modelo de Estado como conhecemos, com o centro da gravidade — e de poder — mudando rapidamente.

As fissuras no Ocidente e o enfraquecimento do sistema internacional servem principalmente aos autocratas anti-Ocidente como o Partido Comunista da China e o ex-agente da KGB Vladimir Putin, da Rússia, integrantes do Conselho de Segurança da ONU que usaram o poder de veto para barrar ações contra Bashar al-Assad na Síria e ignoram deliberadamente determinações da organização (como nos casos da anexação da Crimeia e da recente disputa territorial de Pequim com Filipinas).

Wooldridge vê similaridades entre o cenário que levou ao colapso da ordem liberal em 1917 e hoje.

Nada mal para as celebrações dos cem anos da Revolução Russa e da chegada de Lênin ao poder, em 2017.

Ele aponta, no entanto, para uma diferença hoje: “Desta vez os primeiros tiros estão sendo disparados pela direita e não pela esquerda, pelos Brexiteers no Reino Unido e Donald Trump nos EUA.”


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques