Os que vão morrer te saúdam 08/01/2017
- Carlos Brickmann - www.chumbogordo.com.br
Falou-se bobagem, jogou-se conversa fora. O governador do Amazonas, José Melo, do PROS, garantiu que entre os mortos no massacre da Penitenciária não havia nenhum santo.
Deve ter razão; mas haverá santos em seu partido, em seu Governo?
Qual de seus aliados colocará a auréola?
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Falou-se o óbvio: que, entre mortos e matadores, havia estupradores, assassinos, gente malvada. E, isto é importante, gente do crime organizado.
Quem se rebelou e matou foi a FDN, Família do Norte, aliada ao Comando Vermelho, do Rio.
Suas vítimas favoritas foram do PCC, do crime organizado com base em São Paulo.
Como conter a futura vingança?
E, a menos que a vingança seja contida, novos massacres ocorrerão: do PCC contra CV/FDN, do CV/FDN contra o PCC.
Pelo noticiário sobre o crescimento de assassínios nas ruas, as vinganças já começaram, enquanto novos massacres se organizam em penitenciárias de todo o país.
De certa forma, Suas Excelências até entendem a sangueira.
Os mortos, disse o governador José Melo, eram “(…) pessoas ligadas a outra facção, que é minoria no Estado do Amazonas”.
São de fora, não são santos, são estupradores, matadores.
É claro que, como presos, cabe ao Estado garantir sua segurança.
É o que diz a lei.
É o que diz a lei, também, sobre quem será morto como vingança. E a Segurança Pública?
Todos já ouvimos falar nela.
SURPRESA TOTAL
A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim pode não ter surpreendido as autoridades, que sabiam que o controle do presídio era dos detentos, que sabiam (e as gravaram em áudio e vídeo) das grandes festas cheias de poeira, que jamais ignoraram que os celulares da cadeia eram de alta qualidade.
Mas houve pelo menos uma surpresa: o secretário da Segurança do Amazonas, Sérgio Fontes, garantiu que as autoridades não perderam o controle do sistema prisional.
“O sistema prisional continua sob controle”, disse o secretário.
“O que aconteceu, aconteceu nos primeiros minutos da rebelião, e por isso nada poderia ser feito”.
A surpresa é que Fortes continua no cargo e não foi demitido na hora.
PROMESSAS, PROMESSAS
Temer prometeu R$ 800 milhões para construir um presídio por Estado. É difícil que o dinheiro seja suficiente.
Aliás, o dinheiro nem novo é: faz parte daquele pacote de R$ 1,2 bilhão do fim do ano passado, para presídios e instalação de bloqueadores de celulares em 30% dos presídios de cada Estado.
Depois, um dia desses virão mais R$ 200 milhões e outros nacos de verba para completar R$ 1,8 bilhão no primeiro semestre.
A VIDA COMO ELA É
O colunista James Akel (http://jamesakel.blog.uol.com.br/) comenta o custo dos presos:
“Custa 5.800,00 por mês cada preso do Amazonas. Em São Paulo um flat de luxo em Moema custa R$ 2.500,00. Ao lado pode-se comer bem com 1.000,00 ao mês. Sobra grana”.
O QUE IMPORTA
E a vida continua. Os políticos costumam fazer aquilo de que gostam: política.
Amazonas já era: os erros, sejam quais forem, serão encobertos por uma pedra em cima e esquecidos pelo passar dos anos.
O que se discute hoje é a presidência da Câmara e do Senado.
Na Câmara, a discussão é entre dois grupos, ambos aliados ao presidente Michel Temer.
No Senado, o PT busca retomar sua tradicional ligação com o atual presidente da Casa, Renan Calheiros, para evitar a vitória do candidato de Temer, Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará.
A ideia é que Renan escolha o nome para que o PT o lance e solidifique, e que ele só o apoie na hora em que tiver certeza da vitória.
Se não der para ganhar, Renan fecha com Temer e sai como um dos vitoriosos, como sempre cacique do PMDB.
TUDO BEM
Há pontos que vão bem na economia brasileira – por exemplo, com a crise, o setor da recuperação judicial.
Hoje se desenrola o maior pedido de recuperação judicial da nossa História, os R$ 64 bilhões da Oi.
Ainda não havia experiência no país de recuperação judicial deste porte, “mas já está claro que a providência pode levar a sucesso na manutenção das funções sociais das empresas”, diz o advogado Fernando de Luizi, de São Paulo, especialista no tema.
“A Lava Jato criou uma modalidade de recuperação judicial atípica”, explica de Luizi.
“Empresas saudáveis e superavitárias se tornaram insolventes pelas circunstâncias originadas pela Lava Jato, ou seja, em face do congelamento de seus recebíveis, pela perda de contratos, e acabaram tendo de buscar a recuperação para equacionar suas contas”.
VOA, GOVERNADOR, VOA
O governador mineiro Fernando Pimentel, PT, viajou no helicóptero do Governo para buscar o filho no réveillon.
Ele não entendeu as manifestações de rua: é para voar do cargo e nem pensar em voltar mais.