Alexandre de Moraes vai para o abraço 22/02/2017
- BLOG DE RICARDO NOBLAT - O GLOBO
A Companhia do Teatro Insano da Praça dos Três Poderes dará, hoje, por finda a curta temporada da peça “Tome lá o meu voto, mas jamais se esqueça de mim”.
O ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes, indicado para suceder Teori Zavaski no Supremo Tribunal Federal, foi personagem importante da peça, mas não foi o principal.
O protagonismo coube ao Senado – ontem, à Comissão de Constituição e Justiça integrada por 27 senadores, 13 deles investigados pela Lava Jato; hoje, ao plenário com um total de 81 senadores.
PUBLICIDADE
Coube à Comissão sabatinar Alexandre – e o fez por mais de 10 horas. Caberá ao plenário aprovar a indicação em definitivo. É o que fará para que o novo ministro tome posse na primeira semana de março próximo.
O variado repertório da Companhia do Teatro Insano (etc. e tal...) inclui comédias de grande sucesso e tragédias que não deixam saudade. A peça que sairá, hoje, de cartaz não foi uma coisa nem outra.
O enredo foi o mesmo das outras vezes em que esteve em jogo a aprovação de um nome para a mais alta corte de Justiça do país: os senadores fingiram que perguntavam; o indicado fingiu que respondia.
Pergunta alguma, resposta alguma mudou na Comissão voto algum. Como os eventuais debates que serão travados no plenário não mudarão coisa alguma.
Alexandre driblou as poucas perguntas que poderiam lhe criar algum tipo de embaraço, e os autores das perguntas se deram por satisfeitos. A oposição fez de conta que se opôs. O governo limitou-se a apoiar.
Bem treinado, seguro da aprovação ao seu nome depois de ter visitado previamente os 81 senadores à caça de votos, Alexandre tergiversou à vontade, repetiu platitudes e não se comprometeu com nada.
Em troca, e como de costume em situações semelhantes, os senadores esperam apenas contar com a simpatia do novo ministro sempre que enfrentarem dificuldades no âmbito da Justiça.
O Senado que aprova é o mesmo que acolhe ou rejeita pedidos de impeachment contra ministros de tribunais superiores. Nenhum deles, até hoje, perdeu a toga por conta de algum pedido.