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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

MATANÇA ATÉ QUANDO?
25/03/2017 - CARLOS CHAGAS - DIÁRIO DO PODER

Impossível mudar os costumes, que vem da pré-história, acoplados à necessidade sempre justificada pela sobrevivência do ser humano.

Tem sido assim e assim continuará, espera-se que não até o fim do mundo.

No entanto… No entanto, não haverá um único cidadão que deixe de horrorizar-se quando vê despedaçadas e dependuradas carcaças e partes de animais, expostas ao consumo geral, mesmo sabendo que pouco depois irão para a mesa na forma de bifes suculentos ou de costelas apetitosas.


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Menos ainda se livrará do horror quem assiste a degola desses milhões de seres ditos inferiores, mas quem sabe plenos de consciência quando deles se aproxima o golpe final?

Basta atentar para como se comportam na fila do abate: os berros são lamentos impossíveis de ser esquecidos.

Choca a imagem das peças de boi nos ganchos dos frigoríficos, sangrando e logo esfaqueadas à espera de novos capítulos da ronda dessa matança permanente.

São vidas abatidas em nome da vida dos que irão degluti-los.

Poderia ser diferente?

Por enquanto, nem pensar.

Raramente fazemos questão de assistir esse festival macabro, exceção dos encarregados dele.

A ninguém será dado imaginar a humanidade sem comer carne de animais.

Ainda bem que só de animais, pois em tempos imemoriais comia-se também o ser humano.

É claro que o sacrifício serve para minorar as agruras dos homens famintos, a começar pelas crianças, mas nem por isso deixa de se constituir em indiscriminada matança.

A crise que assola nossa produção de carne, pelo jeito a maior do planeta, desperta a atenção de quantos são agredidos pelas imagens dos últimos dias.

Haveria alternativa, além de desligar a televisão?

Ou de cobrir as vitrinas dos açougues?

Por enquanto, não.

Mas um dia, quem sabe, a Humanidade encontrará sucedâneos para dispensar essa degola, ainda hoje capaz de chocar o ser humano.

Além de tudo, acresce que se ganha muito dinheiro com tal atividade.

E até dinheiro podre, da corrupção.

Que tal condenar os culpados ao trabalho social da prestação de serviços nos frigoríficos?


  

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