Amigo é coisa pra se pagar 12/04/2017
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
Sexta-feira Santa, domingo de Páscoa e, enfim, na segunda-feira que vem, 2017 começa de verdade.
A previsão é de tempo quente: na própria segunda, 17, João Santana e sua mulher, Mônica Moura, devem depor no TSE sobre, digamos, as doações desburocratizadas à chapa Dilma-Temer.
Na terça, ambos também deveriam ser interrogados pelo juiz Sérgio Moro, no processo do ex-ministro Antônio Palocci, acusado de receber propinas, acarajés e pixulecos para a campanha, o PT e um seleto grupo de amigos. Mas pediram adiamento para o dia 24.
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Na quarta, 20, quem depõe é Léo Pinheiro, da OAS, a respeito do apartamento triplex que não é de Lula, no Guarujá.
Ele também sabe alguma coisa, ao que dizem, sobre o sítio que não é de Lula em Atibaia.
Pinheiro negocia com os procuradores da Lava Jato uma delação premiada.
Há quem diga que a cereja do bolo é um esplêndido pixuleco que, este sim, passou a ser de quem não era dono de propriedade nenhuma.
Pule alguns dias: em 3 de maio, Lula deve ser ouvido por Sérgio Moro.
Deve ser um dia interessante: grupos lulistas tentam levar uma multidão a Curitiba, para no mínimo constranger o juiz Sérgio Moro e, no máximo, cercar Lula de gente, de tal maneira que o depoimento se torne impossível.
Marcelo Odebrecht disse a Moro que o tal Amigo citado nos papéis da Odebrecht recebendo milhões é mesmo Lula.
As reformas milionárias em imóveis que não são dele não passam de lembrancinhas de pouco valor.
Amigo de fé
Marcelo Odebrecht declarou a Sérgio Moro que os recursos sacados em dinheiro vivo por um assessor de Palocci, R$ 13 milhões, eram para Lula.
Este é apenas um caso: não envolve retribuições da Odebrecht pela intermediação de Lula em obras no Exterior, nem em financiamentos do BNDES.
A compra de submarinos franceses, no Governo de Lula, pode ter envolvido algo desse tipo: para formalizar a venda, os franceses concordaram em exigir do Brasil que os estaleiros fossem construídos e operados pela Odebrecht, o que elevou o preço em pouco mais de 10%.
O contrato era de R$ 31 bilhões, e subiu R$ 3,3 bilhões para a Odebrecht.
A lei é dura…
O ministro Edson Fachin, a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot, mandou investigar nove ministros de Temer, 29 senadores, 42 deputados federais e três governadores, com base na delação de 78 executivos da Odebrecht.
Aécio Neves é campeão de inquéritos, ao lado de Romero Jucá: cinco cada um. Renan Calheiros tem 4 (e seu filho, governador de Alagoas, Renan Filho, tem um).
Mas não se preocupe, nem se alegre: o Supremo tem demorado tanto nos inquéritos que é tudo coisa para o longínquo futuro.
…mas é lei
Dilma tem agora um problema sério: Marcelo Odebrecht disse que doou 150 milhões de reais às suas campanhas, R$ 50 milhões em 2010 e R$ 100 milhões em 2014.
Pior: segundo ele, as doações mais polpudas foram o pagamento pelas medidas provisórias 470, de 2009 – Governo Lula – e 613, de 2013, de alto interesse da empresa.
Dilma (e talvez Lula) dificilmente escaparão de um inquérito na primeira instância, sob Moro.
Levantando…
Está difícil acompanhar a roubalheira?
O jornalista Ivo Patarra, que foi petista na época da formação do partido, que foi assessor de imprensa de Luíza Erundina, primeira prefeita petista de São Paulo, que deixou o PT tão logo descobriu o que acontecia, acaba de lançar “Petroladrões – 3 anos da Operação Lava Jato”.
Conta tudo – e sabe como contar.
…os véus
Ivo já escreveu um livro revelador, “O Chefe”, em 2010, antecipando aquilo que se descobriria com a Operação Lava Jato.
E já dizia: “Lula é o chefe”.
Aquilo que Marcelo Odebrecht acaba de confirmar.
“Petroladrões – 3 anos da Operação Lava Jato”, 725 páginas.
Amazon.com.br, R$ 16,90.
Explorando os mais pobres
Como faz o MTST, Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, para promover passeatas e dificultar a vida de quem trabalha em São Paulo?
Simples: quem comparece a cada ato do MTST ganha pontos que servirão para definir quem recebe antes as casas que o movimento, desde os tempos do Governo petista, recebe dos programas federais de moradia popular.
Mas não basta ir aos comícios, invasões, bloqueios de trânsito, e votar nos candidatos recomendados pela liderança: é preciso pagar por isso.
São R$ 50,00 na inscrição e R$ 30,00 por mês, engordando o cofrinho dos líderes.
O excelente repórter Agostinho Teixeira, da Rádio Bandeirantes, se inscreveu no MTST, pagando todas as taxas e participando da pontuação.
Não é tão cansativo: depois das invasões, as barracas só são ocupadas de dia.
De noite, os “sem-teto” vão para casa – aquela que eles não têm.