Risco Temer em nível máximo 18/05/2017
- MÍRIAM LEITÃO - O GLOBO
Há vários cenários possíveis para o desenrolar da crise que estourou ontem com a divulgação das informações, apuradas pelo jornalista Lauro Jardim, de que o empresário Joesley Batista gravou o próprio presidente Michel Temer em diálogo suspeito.
Um deles é o da renúncia do presidente, outro é o de que o julgamento no TSE mude de tendência e casse toda a chapa. A governabilidade como argumento para separar a chapa não se sustenta.
Uma gravação com a voz do presidente em ato que pode ser entendido como obstrução de Justiça, confirmada, tornaria mais fortes as evidências contra Temer do que até contra os ex-presidentes Dilma e Lula. As revelações atingem em cheio também o PSDB com a conversa entre Joesley e o senador Aécio Neves.
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A JBS começou a ser cercada por uma série de investigações em diversas áreas. As operações Sepsis, Greenfield, Bullish apuravam dúvidas em relação aos negócios do grupo durante os governos Lula e Dilma.
Há claras suspeitas sobre os empréstimos concedidos pelo FIFGTS, com a influência do então vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto, para a Eldorado, a empresa de celulose do grupo.
Estão sendo investigadas as relações entre a JBS e os fundos de pensão.
Há relatórios do TCU e perícia da Polícia Federal sustentando a Operação Bullish que investiga supostos favorecimentos no BNDES.
Cercado de evidências das relações promíscuas e nebulosas entre as empresas do grupo e os órgão do governo, o grande temor do empresário Joesley Batista era acordar uma madrugada com a ordem de prisão e sua casa invadida.
Na semana passada, a Bullish chegou a propor isso, e o juiz não concedeu.
Joesley disse a interlocutores que, diante do risco, ele estava com investimentos no Brasil em compasso de espera.
O mercado hoje terá um dia de estresse agudo, porque tudo o que estava estabelecido no cenário, como a aprovação das reformas, cai em absoluta incerteza.
O Brasil está diante do risco de ter uma segunda queda de presidente num mesmo período, a chamada dupla vacância.
Isso leva a uma eleição indireta pelo Congresso, sem que as regras para esta escolha tenham sido definidas.