Comitiva bipartidária de congressistas dos EUA visita Cuba 16/12/2006
- Folha Online*
Um grupo de seis democratas e quatro republicanos dos Estados Unidos chegou ontem a Cuba para explorar um possível relaxamento das tensões entre os dois países. A visita acontece duas semanas depois que Raul Castro, irmão do líder cubano Fidel, propôs a Washington negociar suas diferenças políticas.
A viagem dos americanos a Cuba acontece também em meio a especulações a respeito da deterioração da saúde de Fidel -- que já está debilitada --, o que poderia levar o líder à morte em poucos meses.
A comitiva é encabeçada pelo republicano do Arizona Jeff Flake e pelo democrata de Massachusetts William Delahunt, ambos membros do Comitê de Relações Internacionais da Câmara dos Representantes (deputados).
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¨Creio que esta é a maior delegação de membros do Congresso dos EUA que já viajou a Cuba. Marcamos esta visita em um momento importante. Esperamos encontrar os dirigentes do país e lançar uma nova e grande era nas relações entre Cuba e os EUA¨, disse Flake ao chegar ao Hotel Nacional.
Diálogo
No último dia 2 de dezembro, ao presidir um desfile militar, Raúl Castro lançou uma proposta de negociação -- o segundo chamado que lançou à Casa Branca desde que assumiu o poder em Cuba, em julho. Raúl é o líder provisional do país, e assumiu quando seu irmão Fidel teve uma crise de saúde.
¨Nos parece um bom momento para avançar. Muitos de nós acreditamos que chegou o momento de abrir um novo capítulo nas relações entre os dois países¨, afirmou o representante democrata.
Segundo fontes da comitiva, os congressistas deverão se reunir com o presidente do Parlamento, Ricardo Alarcón, o chanceler, Felipe Pirez Roque, o presidente do Banco Central, Francisco Soberón, e a ministra da Indústria Básica, Yadira García.
Eles serão recebidos também pelo cardeal Jaime Ortega [o principal representante católico no país]. A delegação americana permanece em Cuba até o próximo domingo, quando será oferecida uma entrevista coletiva.
Especulação
Na semana passada, uma reportagem publicada no site do jornal britânico ¨The Independent¨ já havia afirmado que Fidel luta contra um câncer terminal e poderia morrer até o Natal.
De acordo com o jornal, as informações foram passadas por fontes diplomáticas ocidentais. O jornal ¨The Washington Post¨ reforçou nesta sexta-feira as suspeitas ao publicar uma entrevista com o chefe da inteligência americana, John Negroponte. Segundo Negroponte, ¨tudo indica que [a morte de Fidel] é uma questão de tempo (...) meses, não anos¨.
Observadores próximos ao regime cubano disseram que Fidel luta contra um agressivo câncer de estômago, e se recusou a fazer a radioterapia ou qualquer outra forma de tratamento.
Oficiais cubanos são notoriamente evasivos sobre a saúde de seu presidente, assunto tratado como segredo de Estado. Enquanto afirmam que Fidel está se tratando de uma doença não-terminal, fontes ocidentais contestam o verdadeiro estado de saúde do presidente.
Pela primeira vez após 47 anos, Fidel foi afastado do poder em 31 de julho após se submeter a uma cirurgia intestinal. Seu irmão, Raúl Castro, assumiu suas tarefas presidenciais, mas autoridades cubanas afirmam que Fidel se recupera e deve retornar à liderança do país.
Ele foi visto pela última vez em um vídeo de 28 de outubro exibido na TV cubana, no qual aparece fraco e convalesce em uma cama. Fidel não compareceu, como era previsto anteriormente, à celebração ocorrida em Havana em 2 de dezembro para comemorar seu aniversário de 80 anos e marcar os 50 anos da Revolução Cubana.