Bolivianos vêm a Brasília pedir mais investimentos 18/12/2006
- Agência Estado
Seis ministros do governo Evo Morales vão ocupar hoje a Esplanada dos Ministérios para encontros de trabalho com seus pares brasileiros. Comandada pelos ministros de Relações Exteriores, David Choquehuanca, e de Hidrocarbonetos e Energia, Carlos Villegas, a missão terá o objetivo de esmiuçar a oferta brasileira de fazer novos investimentos e reforçar a cooperação para a solução de mazelas econômicas e sociais da Bolívia.
Para o Palácio do Planalto, será a chance de distender de vez a relação bilateral e a ocasião para dissipar os temores de expulsão de brasileiros estabelecidos no país vizinho. A proposta de cooperação brasileira nas áreas de agropecuária, meio ambiente, microcrédito e de comércio, além da antiga promessa de novos investimentos no setor petroquímico, foi posta sobre a mesa em maio, durante visita do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a La Paz. Na ocasião, estava no auge a crise provocada pela decisão boliviana de nacionalizar as refinarias de empresas estrangeiras, com direito a ocupação militar das instalações da Petrobrás naquele país.
A visita de Choquehuanca, no entanto, acabou acertada apenas no final de novembro, durante rápida conversa com Amorim em Santiago do Chile. No último dia 8, em Cochabamba, já na Bolívia, o objetivo da missão foi ampliado como resultado das conversas entre os presidentes Morales e Luiz Inácio Lula da Silva - e também foi acertada a visita do boliviano a Brasília em 18 de fevereiro.
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Garantias
Em Cochabamba, Lula falou claramente a Morales da sua preocupação com os impactos da reforma agrária boliviana sobre as propriedades de brasileiros que cultivam soja na Bolívia. Na ocasião, recebeu de Morales a garantia de que as fazendas produtivas não seriam afetadas. Lula pediu ainda um tratamento ´humano e civilizado´ para os cerca de 20 mil extrativistas, garimpeiros e pequenos agricultores brasileiros que se estabeleceram nas províncias bolivianas de Pando e Beni, na divisa com o Acre. Esses imigrantes estão ameaçados de expulsão pela aplicação da lei local que veta a permanência de estrangeiros numa faixa de 50 quilômetros a partir da fronteira.
Do ponto de vista do Itamaraty, as duas questões poderiam ser transformadas em mais um instrumento do governo Morales para driblar a crise política que abala a sua administração. Há apenas 11 meses no poder, o líder cocalero é acusado pela oposição de interferir no funcionamento da Assembléia Constituinte e do Congresso. Os oposicionistas pedem mais autonomia para quatro departamentos (os Estados bolivianos).
Em princípio, a questão do gás deverá ser abordada de forma genérica, uma vez que oficialmente a Petrobrás não estará representada nos encontros que ocorrem hoje. O governo Lula se recusa a tratar de questões empresariais pendentes, como a indenização pela nacionalização das refinarias da Petrobrás na Bolívia e o eventual reajuste no preço do gás.
A pauta das conversas do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, com Villegas e o vice-ministro da Eletricidade e Energias Alternativas, Jerjes Mercado, deverá se concentrar nos estudos de desenvolvimento da produção de etanol e biodiesel - o que também consolidaria a presença dos produtores de soja brasileiros na Bolívia.
Choquehuanca, Villegas e Jerjes estarão acompanhados pelos ministros de Assuntos Camponeses e Agropecuários, Hugo Salvatierra, de Desenvolvimento Econômico, Celinda Sosa Lunda, de Planejamento do Desenvolvimento, Hernando Larrazábal, e de Serviços e Obras Públicas, Salvador Ric Riera. A missão boliviana incluirá ainda o assessor especial da Presidência, Pablo Solon, e o vice-ministro das Relações Exteriores, Maurício Drofler.
Além de Amorim e de Rondeau, os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Paulo Bernardo (Planejamento), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Paulo Sérgio Oliveira Passos (Transportes) serão visitados pelos bolivianos.