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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Janot quer na Presidência um fantoche de fantasias totalitárias do MPF e seus delírios justiceiros
07/06/2017 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

Não se enganem: se Michel Temer vier a cair, o presidente que o sucederá, eleito necessariamente pelo Congresso, estará com a corda no pescoço.

É preciso que se tenha claro, de uma vez por todas, que o monstro que foi criado por Polícia Federal e Ministério Público pouco deve ao famigerado SNI (Serviço Nacional de Informações), mas com uma diferença que lhe confere virulência muito própria, distinta daquela dos tempos da ditadura: esse fascismo de esquerda — o Estado onipresente, vigilante e policial, sempre à caça dos poderosos — encontra guarida nas, como chamarei?, ignorâncias da direita.

Os extremos, desta feita, estão juntos.


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Não deixa de ser curioso. Alguns dos meus críticos mais duros se dizem antipetistas ferrenhos, vivem por aí pedindo a prisão de Lula, dizem odiar os comunistas etc.

E, no entanto, repetem as mesmas bobagens do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que que se finge de marinista para que possa ser ainda mais psolista.

Não, meus caros! Dado esse estado de coisas, não existirão jamais presidente ou primeiro-ministro estáveis no Brasil.

Não se trata mais de perseguir o crime, mas de criminalizar a própria política, tomada como atividade própria de exploradores da boa-fé alheia.

Ora, rancorosos de direita e de esquerda se irmanam nessa estupidez.

Resta evidente que uma casta de agentes do estado — procuradores, policiais federais e alguns juízes — tomaram para si a tarefa de “sanear” a vida pública, atropelando os Poderes da República, as instituições e as garantias legais.

O que é trágico?

Eles têm como arma a verossimilhança mentirosa. Explico o que isso quer dizer.

Verossímil é aquilo que parece verdadeiro ou que, prestem atenção à sutileza, provavelmente não contraria a verdade.

É verossímil, pois, a afirmação de que, no Brasil, “nenhum político presta”.

É verossímil a invectiva de que que “todo político rouba”.

É verossímil a generalização segundo a qual “todos os políticos são iguais”.

É verossímil a matemática canhestra que aponta ser a corrupção a verdadeira fonte das dificuldades pelas quais passa o país.

E, no entanto, meus caros, não há uma só verdade aí.

Eis as coisas nas quais as pessoas acreditam porque, afinal, elas parecem não contrariar a verdade, elas são plausíveis.

Antevisão e preço alto

Ora, que preço alto paguei, não é?, pela antevisão de que a Procuradoria Geral da República, na figura de Rodrigo Janot, estava ressuscitando a esquerda, que havia sido liquidada nas eleições de 2016.

Que preço alto paguei ao afirmar que a direita xucra estava, na prática, colaborando para ressuscitar os esquerdistas, uma vez que investia ela também não apenas contra a roubalheira, mas contra as garantias do Estado de Direito.

Como se sabe, eu mesmo não fui poupado do Estado policial que vinha denunciando.

Eu me tornei um dos exemplos a comprovar a minha antevisão.

Uma conversa deste escriba com uma fonte, Andrea Neves, foi pinçada em meio a mais de 2 mil gravações.

E o que há lá de errado ou criminoso?

Nada!

Trata-se de conversa de monge, mas não daqueles da fase realista de Eça de Queiroz.

Refiro-me, mesmo, ao sentido pio do termo.

O que se queria com aquilo?

Intimidar umas das poucas vozes que se levantam contra a ditadura já mais do que incipiente deste novo SNI.

E uma voz que, como se sabe, não vem da esquerda, sempre tão dedicada a defender seus bandidos de estimação.

Como Andrea havia sido presa havia pouco e como resta evidente que Aécio Neves é o alvo nº 2 de Rodrigo Janot — Temer é o nº 1 —, a conversa foi divulgada para tentar evidenciar uma suposta proximidade minha com alguém que estava sob investigação.

E noto, sim, à margem porque não me acovardo: a prisão de Andrea é arbitrária e não encontra amparo na lei; o afastamento de Aécio de seu cargo é arbitrário e não encontra abrigo na legislação; o pedido de prisão do senador, feito por Janot, já merece um adjetivo para duro do que esse: trata-se de uma sandice, de um delírio totalitário.

E o que se viu?

Quando passei a fazer essa crítica, fui demonizado de todos os lados.

Os esquerdistas diziam:

“Ah, Reinaldo só passou a criticar a Lava Jato depois que chegou aos tucanos”.

Falso!

“Ah, Reinaldo agora começou a ajudar as esquerdas; ele tem a coragem de criticar o comportamento de Sérgio Moro no depoimento de Lula…”

Com efeito, os fundamentos do liberalismo sempre foram muito frágeis no Brasil.

São poucos, infelizmente, os que, neste país — como dizia aquele —, entendem que a luta essencial é aquela que se trava entre as liberdades individuais e a sanha punitiva do Estado.

Não!

Não se trata de optar entre impunidade e ditadura.

Trata-se de saber que, na democracia, o devido processo legal não é impunidade.

Trata-se de saber que ignorar essa verdade corresponde a caminhar para a ditadura.

Que tal a gente escrever com todas as letras?

O MPF quer depor Michel Temer e pôr no lugar um mero fantoche de suas fantasias totalitárias e de seus delírios de Justiça — ou de justiçamento.


  

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