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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Aliados, inocentes úteis e oportunistas do golpe que as esquerdas querem dar em Temer
10/07/2017 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

Lá vou eu. O diabo é diabo porque velho, não porque sábio. O mesmo vale para os patriarcas. Aos 55, não sou, assim, um Matusalém, mas há muito perdi o direito à inocência. Aliás, meus caros, nem é preciso chegar tão longe.

A moçada que anda aí pela casa dos 20, 20 e poucos, já têm a obrigação de saber os respectivos nomes do que pratica e do que se pratica. Se puder fazê-lo com o concurso de alguns livros, melhor!

Há uma tentativa de golpe no Brasil. Une extrema-esquerda, esquerda, Globo (as razões dessa adesão certamente merecem ser pensadas calma), parte considerável dos tucanos, especuladores disfarçados de jornalistas e até uma franja ou outra que foi à rua pedir o impeachment de Dilma.


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À falta de palavra melhor, chamemo-la “direita”, embora lhe faltem leitura e experiência social para merecer tal epíteto. O PT e as esquerdas, e ninguém mais, serão os beneficiários da eventual queda de Michel Temer.

Ora, quem fala “golpe”, então, tem de defini-lo, a menos que esteja querendo enganar o leitor. E eu defino. É a ação que busca derrubar um governo por meio de instrumentos que não estão previstos na ordem legal.

Assim, golpes podem ser dados, atenção!, nas democracias e nas ditaduras que, ainda assim, sejam “de direito”, vale dizer: sejam exercidas com base em diplomas legais.

Nota à margem: obviamente, golpes desferidos em regimes democráticos têm uma natureza necessariamente distinta daqueles desfechados contra tiranias.

No primeiro caso, sempre estaremos diante de um retrocesso político; no segundo, não necessariamente.

Foi um golpe que derrubou Dilma? É evidente que não! Ela cometeu crime de responsabilidade, e a lei 1.079 prevê, para casos assim, o impedimento, que seguiu, rigorosamente o rito legal.

Tanto é assim que os esquerdistas não conseguiram apontar uma só agressão no terreno jurídico.

Escolheram, então, o caminho da retórica: depor um presidente eleito seria, em si, um golpe, o que é uma tolice, dado que o crime de responsabilidade cometido é que golpeou a ordem legal.

E contra Michel Temer? É um golpe o que se tenta?

É! O pedido de instauração da investigação, feito por Rodrigo Janot, não encontra respaldo na lei, uma vez que ele deixava claro que pedia a Edson Fachin autorização para investigar um crime que, assegurava, seria ainda cometido.

As licenças concedidas por Fachin igualmente não encontravam respaldo na lei. A gravação feita por Joesley Batista de sua conversa com Michel Temer constitui prova ilícita.

Os benefícios concedidos ao açougueiro de instituições não atendem aos requisitos da Lei 12.850, a das delações.

Ainda que o Supremo não tenha dado a Edson Fachin o poder absoluto, como queria o inefável Roberto Barroso, é evidente que a maioria dos ministros escolheu o caminho da omissão.

As exceções, no caso, foram apenas Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski.

E ainda se pode avançar um pouco mais: a denúncia apresentada por Rodrigo Janot é inepta. Ele próprio admite que não conseguiu reunir as provas.

Pior de tudo: o procurador-geral resolveu dividir uma mesma investigação em duas, talvez três denúncias, o que é um escracho.

Há uma cruzada evidente de Janot contra Temer.

Ora, desde a ascensão do presidente e da pauta que lançou de, atenção!, mera modernização do país, as esquerdas se levantam para denunciar o falso “golpe” — no caso, contra os supostos interesses populares.

Então ficamos sabendo que déficit fiscal cavalar, legislação trabalhista atrasada e que leva ao desemprego e Previdência quebrada atendem aos… interesses do povo!

É uma piada.

Não perderei tempo com a pauta hipócrita, mentirosa mesmo, das esquerdas.

O fato é que o país caminhava para sair do atoleiro, com um presidente legítimo, sim, mas impopular — em parte porque os desatinos cometidos pelo petismo se sentem também em sua gestão —, que, tudo indicava, seria bem-sucedido em fazer o necessário até em razão dessa impopularidade, dado que não iria se candidatar reeleição.

O MPF de Rodrigo Janot e da Seita de Curitiba, não custa lembrar, já havia se manifestado contra as reformas, contra a lei de terceirização, contra, em suma, o mundo contemporâneo!

Eis que veio, então, a bomba Joesley, com todos os rigores de um flagrante armado, jogada nas cidadelas de Temer e do PSDB: no caso, o alvo foi o senador Aécio Neves (PSDB-MG), grotesca e ilegalmente afastado de seu mandato.

E Janot, na própria denúncia que oferece contra o senador, não se vexa de fazer proselitismo político, afirmando que aquele que se apresentava como alternativa em 2014 não se distinguia dos adversários que buscava vencer.

Ou seja: Janot decretou que todos eram iguais. E isso, obviamente, era tudo o que Lula e o PT sempre quiseram ouvir.

Temer deve vencer o primeiro round do golpe. A denúncia em curso não deve passar na Câmara.

Mas, abusando da heterodoxia legal, outras virão, derivadas daquele mesmo suposto crime, só que, espera o procurador, embaladas pelas denúncias de Cunha. Ou de Lúcio Funaro. Ou de ambos.

Não parece que Rodrigo Maia tenha cedido até agora aos apelos dos que o elegeram para ser o Kerensky da “Revolução de 2017”. Mas a pressão é grande.

Kerensky, como se sabe, era um revolucionário moderado, que assumiu interinamente o governo da Rússia, com a queda de Nicolau II, entre 21 de julho e 8 de novembro de 1917.

Foi derrubado pelos bolcheviques de Lênin e teve de deixar o país.

Kerensky, coitado!, não tinha entendido ainda qual era a da turma da pesada: ditadura comuna.

Que Maia jamais se esqueça: apesar das boas relações que mantém com elas, as esquerdas têm reservado para ele não a cadeira de Temer, mas um lugar na fila da guilhotina.


  

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