Como está, fica 19/07/2017
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
Não, caro leitor, o presidente Michel Temer não vai chutar o PSDB para fora do Governo. No máximo, pode reduzir um pouco a presença tucana (hoje são quatro ministros e sabe-se lá quantos ocupantes de cargos de confiança). Num momento difícil, Temer não pode dispensar apoios.
Não, caro leitor, Lula não vai ficar quieto, embora tenha sido condenado e esteja prestes a ser julgado de novo, agora pelo sítio de Atibaia.
E seu alvo principal continua sendo o juiz Sérgio Moro, que irá julgá-lo.
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Lula não acredita que possa ser absolvido na primeira instância; só acredita que a Justiça, habitualmente lenta, não irá condená-lo em segunda instância antes de 15 de agosto de 2018, quando sua candidatura à Presidência já estará registrada.
Se condenado em segunda instância, vira ficha-suja, sem poder se candidatar; mas, se já for candidato, terá como brigar.
Não é uma tese pacífica: há quem diga que, no momento em que um candidato é condenado em segunda instância, a Justiça pode cancelar o registro.
Mas dá margem para argumentar que só foi condenado para tirá-lo da eleição.
E promete ser combativo, não permitindo que sua história seja maculada.
Não, caro leitor, nesta hora de definições, o Congresso não está funcionando.
Senado e Câmara estão de férias.
Voltam a se reunir no dia 2, e a pauta é a autorização ao Supremo para instaurar inquérito contra Temer.
Não, caro leitor, não reclame.
Se o Governo parou, talvez o país ande.
PSDB TOTAL
A votação da denúncia contra Temer deve trazer surpresas.
Em todos os partidos da base governista há gente disposta a votar contra o presidente a quem apoia – e, por tabela, contra seus próprios partidos, que têm cargos e portanto partilham a política oficial.
Até no próprio partido de Temer, o PMDB, há dissidentes.
Um, o deputado Jarbas Vasconcelos, acha que qualquer denúncia de corrupção tem de ser investigada.
Outro, Osmar Serraglio, foi ministro da Justiça de Temer e não engoliu seu afastamento.
Um é ligado ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral e não tem qualquer apreço pelo presidente.
Há quatro outros dizendo que ainda não decidiram (aliás, os críticos de Temer na base governista também usam a desculpa da indecisão).
Em resumo, todos são PSDB.
Em cima do muro.
TEMER, VITÓRIA PROVÁVEL
O presidente tem excelentes probabilidades de vencer na Câmara.
Seus adversários, para mandar investigar a denúncia, precisam de 342 votos.
Até agora não conseguiram sequer 342 deputados, votem como votarem, para abrir a sessão.
A oposição pode adiar a votação o quanto quiser, mas enquanto isso a pauta fica trancada.
Quanto tempo os deputados resistem sem votar nada do interesse de seus eleitores e doadores de campanha?
O GRANDE ACORDO
E, o que todos os envolvidos desmentem, há uma tentativa de acordo entre Governo e oposição para proteger-se mutuamente.
Por enquanto a articulação é subterrânea, mas logo terá de aparecer em leis que limitem os poderes do Ministério Público e da Justiça.
O interesse é de todos: um terço do Congresso está sob investigação. Será preciso rever a delação premiada, evitando acordos como o da JBS, reduzindo a vantagem legal do corruptor sobre os corruptos; endurecer as exigências para a ordem de condução coercitiva; punir os vazamentos de informações; limitar o prazo em que o suspeito pode ficar preso sem qualquer julgamento.
Em suma, Sérgio Moro nunca mais.
Na hora de votar essas medidas que beneficiam a eles todos, quem aceitará que fiquem trancadas por uma denúncia contra Temer?
TUCANO X TUCANO
Aliás, o PSDB é um partido completo: ele mesmo escolhe seus líderes, ele mesmo fala mal deles, ele mesmo tenta destruí-los.
Aécio não apoiou Serra nem Alckmin; nem Serra nem Alckmin apoiaram Aécio; nem Serra nem Aécio aceitam a candidatura de Alckmin.
Os tucanos só se unem para lamentar a derrota do candidato que não apoiaram.
A história se repete: Lula, embora lidere as pesquisas, tem rejeição gigantesca, e os tucanos unidos poderiam batê-lo.
Mas o PSDB ainda é um partido de amigos em que todos são inimigos.
O prefeito paulistano João Dória Jr. ganhou alcance nacional por seu bom trabalho em São Paulo.
Aí surge seu colega tucano José Aníbal para acusá-lo de ser um péssimo prefeito, em cuja administração a cidade só piora.
Dória tem 62% de aprovação na cidade.
A NOTÍCIA AGRADÁVEL
E, saindo dessas coisas chatas, uma bela notícia: duas rádios públicas, a Rádio MEC (EBC, federal) e a Rádio Cultura (FPA, paulista), lançaram um programa de boa música brasileira, comandado por um conhecedor do assunto (e bom papo), Ruy Castro.
Aos domingos, às 20:30, na Cultura FM (103,3 MHz) e na MEC FM (99,3 MHz) e AM (800 kHz).
Vale pelas ótimas músicas, em gravações raras, preciosas; vale pelo ótimo Ruy Castro.