A Lula o que é de Lula 22/07/2017
- O ESTADO DE S.PAULO
O sr. Lula da Silva tem dito que quer ser candidato à Presidência da República nas eleições de 2018. Seu desejo de voltar ao Palácio do Planalto enfrenta, no entanto, algumas dificuldades.
A primeira é com a Justiça, já que foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo relativo ao triplex do Guarujá.
Se o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região mantiver a condenação, o líder petista estará inelegível, por força da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/2010).
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A dificuldade com a Justiça não é uma possibilidade remota, já que o histórico do TRF da 4.ª Região mostra que a Corte, além de ser célere, não costuma reformar as sentenças de Moro.
E nos raros casos em que os desembargadores modificaram condenações da 13.ª Vara Federal de Curitiba, a alteração, em geral, aumentou a pena.
É uma possibilidade real, portanto, que a Lei da Ficha Limpa se imponha contra as pretensões presidenciais do líder petista.
A questão jurídica não é, porém, o único obstáculo para que o sr. Lula da Silva volte ao Palácio do Planalto.
Outra grave fragilidade de sua pretensa candidatura é a herança maldita que Lula da Silva deixou ao País.
Recentemente, ele mesmo mencionou a triste situação que causou.
“O Brasil que era o País da moda há um tempo atrás, o mais badalado, (...) virou essa vergonha de mentiras, de destruição, de desemprego e de fechamento de empresas”, disse Lula da Silva, em entrevista à Rádio Capital.
Malandramente, ele não se reconheceu como responsável pelo desastre, relatando a situação nacional como se ele fosse mero espectador.
O fato de Lula da Silva não assumir a culpa que lhe corresponde não modifica, no entanto, sua responsabilidade sobre a história recente do País.
Foi o sr. Lula da Silva quem abriu as portas do Estado brasileiro para o aparelhamento petista.
Foi em seu governo que houve a gestação do maior escândalo de corrupção da história, o petrolão, e que se deu a perversão do regime democrático com a compra de parlamentares, o mensalão.
Foi o sr. Lula da Silva quem escolheu, bancou e elegeu a presidente Dilma Rousseff, que viria a gerar a maior recessão da história, uma recessão que, como os brasileiros atestam diariamente, custa tanto a ir embora.
Ciente do seu papel na lambança, o líder petista tenta, desde já, desvirtuar os fatos, como se ele não tivesse qualquer relação com a crise nacional.
Com a esperteza que lhe é própria, Lula da Silva atribui a responsabilidade pela situação atual ao presidente Michel Temer, há pouco mais de um ano no cargo.
Ora, não é segredo para ninguém que a crise econômica, política, social e moral vem dos tempos petistas no governo.
Oriundas dessa mesma esperteza são as críticas que Lula da Silva faz agora à gestão da presidente Dilma Rousseff.
Ante a absoluta impossibilidade de defender os desastrosos anos de Dilma na Presidência da República – soberba, ignorância e voluntarismo são apenas alguns de seus atributos –, Lula da Silva opta por reclamar da sua sucessora, na inverossímil expectativa de que o povo não lembre quem foi o criador da desastrada criatura.
Diante de tanta corrupção e podridão na esfera pública – com a direta participação de parte do setor privado –, alguns discorrem sobre a necessidade de refundar o País.
Essas pessoas defendem a ideia de que as atuais instituições seriam incapazes de recolocar o Brasil nos trilhos.
Certamente, são necessárias algumas reformas legislativas profundas, que abram espaço para o desenvolvimento econômico e social.
No entanto, o principal óbice para o interesse público não são, no momento, as instituições.
É uma pessoa, Lula da Silva, a grande responsável pela crise que está aí, cujo descaramento habitual ainda faz com que se apresente como solução.
Basta que a população reconheça o papel único de Lula da Silva na atual situação brasileira, para que se elimine qualquer possibilidade de ele voltar à Presidência.
De pronto, abrir-se-á ao País um novo horizonte de esperança e otimismo.