capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 27/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.954.061 pageviews  

Curto&Grosso O que ainda será manchete

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Os mudos falantes
30/07/2017 - CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR

Um dos sintomas universais de crise é a epidemia de discursos de quem tem por obrigação manter-se calado.

Juiz, ensina a tradição de nosso Direito, deve falar apenas nos autos.

Aqui todos seguem este princípio: falam nos autos sempre que os repórteres enfiam os microfones pela janela, e só param de falar quando o motorista enfim pisa no acelerador.


PUBLICIDADE


Generais devem falar nas ordens do dia, e até isso muitas vezes é perigoso; aqui, estão dando entrevista.

E, como o general Sérgio Etchegoyen, de primoroso currículo, respeitado dentro e fora do Exército, falam da participação militar na segurança pública.

Com um detalhe: ele sentado e o ministro da Defesa atrás, de pé, na condição de papagaio de pirata.

Vazamentos de informação de documentos usados como prova na Justiça têm fontes conhecidas: promotores interessados em punir futuros réus destruindo sua imagem pública, antes mesmo que sejam levados a julgamento.

A técnica (a propósito, fora do bom procedimento legal) foi usada na Itália, na Operação Mãos Limpas.

E é usada há muito tempo no Brasil, alegando-se informalmente que se não for assim os acusados, “que têm dinheiro para contratar bons advogados”, escaparão ilesos após cometer ilegalidades.

Elogia-se quem contrata um bom médico, um bom arquiteto, mas quem contrata um bom advogado – hummmm, aí tem!

Mudos estão falando. E quando os mudos falam a democracia se cala.

PRIMEIRO OS MEUS...

Cá entre nós, essa história do Ministério Público pedir aumento de 16% não pode passar despercebida.

Tem de pegar mal.

Para padrões brasileiros, um promotor ganha bem: algo como R$ 30 mil.

Mas não fica por aí: com o vale-alimentação, o auxílio-moradia, o auxílio-livro, as duas férias por ano, as diárias, há promotores em São Paulo que ganham R$ 130 mil mensais (a cifra, espantosa mas de fonte oficial, foi levantada pela Agência Pública (http://apublica.org) com base na Lei de Acesso à Informação).

Boa parte dos promotores paulistas ganha mais que o teto salarial previsto na Constituição, o salário de ministros do STF.

São Paulo gasta com o Ministério Público a soma das verbas destinadas a Habitação e Agricultura.

E, considerando-se a ótima (e normalmente merecida) imagem pública dos promotores, que exemplo dão à população neste momento de crise, exigindo mais salários de um Tesouro exaurido?

...E OS MEUS TAMBÉM

Mas não se critique um único grupo.

O Senado decidiu alugar 85 carros para Suas Excelências, gastando R$ 8,3 milhões em 30 meses.

São 83 Nissan Sentra para 80 senadores, e dois Hyundai Azera para o presidente da Casa – embora não haja nos anais menção a um presidente com duas bundas.

O Azera este colunista não dirigiu; o Sentra é ótimo, macio, uma tentação.

Mas sempre resta uma pergunta: por que temos de pagar carro aos parlamentares?

Carro, casa, passagens – não é meio muito?

E o motorista, também pago por nós, mas na conta do gabinete de cada parlamentar?

Busquemos um bom exemplo: nos Estados Unidos, há três carros oficiais de representação, um para o presidente de cada poder.

Digamos que um juiz do Alasca seja convidado para a Suprema Corte: ele deve viver com seu salário, sem carro oficial, sem apartamento funcional.

Ponto final.

...E OS NOSSOS?

Tadinho do Governo Federal, que deve manter o enorme buraco do Orçamento do tamanho em que está, sem aumento?

Calma: a verba de publicidade de 2017 foi de R$ 153 milhões, uns 30% mais que em 2016.

UM DIA, TALVEZ

Dentro de poucos dias, 2 de agosto, a Câmara decide se dá autorização para que o Supremo investigue a denúncia apresentada pelo procurador Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer.

Temer deve ganhar de lavada: fez o que podia e o que não podia para garantir que entre 250 e 300 parlamentares o livrem da chateação.

Miro Teixeira, político experiente, a favor da investigação, jogou a toalha: não há condições de ganhar a parada.

TALVEZ, QUEM SABE

Quanto à lenda de que quem votar por Temer perderá votos, continua sendo uma lenda.

Temer tem só 5% de aprovação – o menor índice desde o tempo da TV a lenha.

O deputado Bonifácio Andrada, velho conhecedor do jogo, diz que basta uma discreta melhora na economia para absolver quem apoiar um presidente tão mal avaliado.

A leve melhora até que está acontecendo: a taxa básica de juros caiu um ponto e deve diminuir de ponto em ponto a cada reunião do Conselho de Política Monetária, a inflação continua abaixo da previsão, há uma levíssima redução no desemprego.

Mas os juros do cartão de crédito continuam perto de 500% ao ano.

Bonifácio Andrada diz que o eleitor é fraco de memória e, diante de uma pequena melhora, esquece o que está errado.

Mas cadê a pequena melhora?

...

E-mail: carlos@brickmann.com.br
Twitter: @CarlosBrickmann
Site: www.chumbogordo.com.br


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques