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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

O vazamento das fantasias da holding J&J e a subordinação intelectual à FORCA TAREFA
31/07/2017 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

Se alguém me dissesse que o grupo JBS celebrou um acordo de delação com o Grupo Globo, não com a Procuradoria Geral da República, eu acabaria acreditando.

Afinal, os tais documentos a que revista teve acesso para anunciar, na capa, um novo fim do mundo (o dito-cujo já acabou umas cinco vezes) deveriam ter sido enviados à PGR, selecionados, analisados etc.

E depois se tornaria público o que é consistente. Mas quê…


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Uma longa reportagem empresta detalhes à tese absurda, estúpida, mas que é do agrado do Ministério Público Federal, de que só a JBS repassou a políticos R$ 1,1 bilhão entre 2006 e 2014.

Sim, entende-se que era tudo propina.

Sabem o que isso significa?

Que a imprensa não está aprendendo nada com a crise.

Que o Ministério Público não está aprendendo nada com a crise,.

Que os brasileiros, na média, não estão aprendendo nada com a crise.

Quem lê o jogo logo constata que o país é hoje refém de mistificadores e vigaristas.

Vamos ver.

Desde que Ricardo Saud, um dos ex-canalhas da ex-gangue do ex-bandido Joesley Batista anunciou que havia pagado propina a 1.829 candidatos eleitos — e há, claro!, os não-eleitos —, pensei:

“Quer dizer que nunca houve uma doação em que o recebedor não estivesse praticando corrupção passiva?

Se é assim, então os crimes de Joesley e seus ex-vagabundos morais não são apenas 245, como o confessado.

Só de corrupção passiva, convenham, há um mínimo de 1.829 imputações.”

Ocorre que, na média, jornalista não quer pensar mais nada. Se alguém da “Forca Tarefa” — sim, escrevi “forca” mesmo… —, então deve ser verdade.

Espero que as pessoas empenhadas em barrar a denúncia mixuruca de Rodrigo Janot contra Michel Temer tenham feito o devido uso pragmático da reportagem de “Época”.

O que está lá é uma advertência do que virá se o presidente cair.

Ninguém, a não ser algum santo escolhido depois de um reality show no Projac, terá condições de assumir a Presidência da República.

O que se faz, naquela reportagem, notem bem, é demonizar todo o processo político.

Ainda que aquele volume de “transferência” fosse verdadeiro, não se distinguem doações legais de ilegais; caixa dois com contrapartida de caixa dois sem contrapartida; caixa um sem contrapartida de caixa um com contrapartida.

O que “Época” publica é, na verdade, parte do arranjo feito pela holding moral “J&J“: Joesley e Janot.

Infelizmente, a maioria dos jornalistas e colunistas — em especial “os” e “as” que tentam aparentar independência — são intelectualmente dependentes da Lava Jato e não têm coragem de apontar a fraude.

Como temem o alarido e não querem ser xingados nas redes sociais pelas hostes da ignorância militante, então fazem a análise do acochambramento.

Tornada pública na antevéspera da votação da Câmara que vai decidir se a denúncia feita por Janot contra Temer será ou não enviada ao Supremo, cumpriria que até os deputados de oposição — cujos partidos estão na lista — pensassem um pouquinho, não é mesmo?

É claro que mais esse vazamento foi feito de olho no calendário, para influenciar os votos: afinal, é também uma reportagem anti-Temer. Ocorre que ninguém escapa ali.

Mais: levar aquela estrovenga a sério corresponde a comprar uma versão que a investigação, depois, não consegue sustentar.

Vale a pena deixar que o processo político seja pautado por bandidos?

A resposta, obviamente, é “não”.

Mais: Vejam o caso de Sérgio Machado.

A Polícia Federal procurou evidências de que suas vítimas estavam tentando obstruir a Lava Jato e nada encontrou.

Era uma ficção na qual só os procuradores e Sérgio Moro acreditaram.

As delações feitas pela penca de diretores da Odebrecht já começam a dar problema.

Ainda voltarei a esse assunto.

Vem muita confusão por aí.

E, acreditem, serão a própria Polícia Federal e as áreas salubres da Justiça a evidenciar o desastre provocado por Rodrigo Janot e seus fanáticos.

Ele tinha tudo para conduzir a operação para um lugar seguro e para fazer dela uma referência no combate à corrupção.

Em vez de pensar como homem de Estado, dotado de um formidável poder, preferiu ser o gendarme de quarteirão, alimentando tentações golpistas.

O que traz as páginas de Época é expressão desse delírio.

Creio que a reportagem tenha ajudado Temer a ganhar mais alguns votos.


  

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