PSDB - APOIAR DESAPOIANDO 05/08/2017
- PEDRO LUIZ RODRIGUES - DIÁRIO DO PODER
O PSDB vive mais um de seus cíclicos períodos de aflição, voltando a apresentar-se no cenário político com o comportamento errático de quem andou bebendo além da conta.
Partido de muitos morubixabas e poucos índios, não há nele quem seja capaz de impor sua vontade ao conjunto da tribo. Nesse particular, aliás, em muito se assemelha ao PMDB, cujas características são as de uma federação de partidos estaduais, herança do sistema do Império.
A razão da corrente crise é simples. Decorre do inevitável conflito entre seus interesses imediatos (ajudar o governo a recuperar a economia do País) e os futuros (apresentar-se nas eleições de 2018 como desvinculado do PMDB e de suas mazelas).
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No dia 2, o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli, orientou a banada do partido a votar pela aceitação da denúncia contra Temer. Mas de seus 47 deputados, 22 votaram pelo arquivamento da denúncia, 21 pela investigação e quatro se ausentaram. Além disso, foi um peessedebista, o mineiro Paulo Abi-Ackel, o relator pelo arquivamento da denúncia.
O ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela diz com toda clareza que seu partido não apenas é um dos pilares do governo Temer, mas que essa participação representa uma ponte que lhe permitirá chegar com chances de vitória às eleições do ano que vem. Para isso, recomenda manter o equilíbrio e ressaltar a centralidade “do que viemos fazer no governo”.
O prefeito de São Paulo, João Dória, que parece atuar como ponta-de-lança para uma futura candidatura presidencial do governador Geraldo Alckmin, bateu na mesma tecla de José Aníbal: "Nesse momento, bom senso, equilíbrio e serenidade são fundamentais. Não se pode jogar tudo para o alto, pois o país precisa sobreviver, a economia precisa sobreviver, as reformas precisam sobreviver".
Na outra vertente, alguns dos economistas que participaram da elaboração e da implantação do Plano Real demandam a refundação ética e programática do partido e o afastamento do governo Temer, “para impedir que em 2018 um radical populista de direita ou de esquerda ganhe a eleição para a Presidência”. “Infelizmente incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado pela corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar vazio o centro político ético de que o país tanto precisa,” argumentam esses economistas.
Mas é contraditório o que desejam que aconteça na convenção do partido, a se realizar neste mês ou no próximo: querem, de um lado que o PSDB reafirme seu apoio à equipe economica e mantenha-se à frente das reformas no Legislativo (equipe e reforma, lembremo-nos, do governo Temer), De outro, querem que o partido renove sua direção; entregue os ministérios que tem no governo e busque refundar-se programática e eticamente.
Para efeitos de registro: o PSDB é um dos principais partidos da base aliada de Temer e comanda quatro ministérios: Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Cidades (Bruno Araújo), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e Secretaria de Governo (Antônio Imbassahy).