REBELIÃO NO MP PÕE EM RISCO A DELAÇÃO DOS BATISTA 20/08/2017
- JORGE OLIVEIRA - DIÁRIO DO PODER
Antes do que se esperava começou a rebelião dentro do Ministério Público. Esta semana as peças lá dentro se moveram discretamente, mas o descontentamento com o trabalho de Rodrigo Janot chegou à imprensa.
O procurador Ivan Marx, do Ministério Público em Brasília, afirmou com todas as letras que o empresário Joesley Batista e executivos do Grupo J&F esconderam, em suas delações premiadas, crimes praticados contra o BNDES.
Pronto, foi declarada guerra à imunidade judicial dos Batista. Marx pretende apresentar denúncia pelos crimes investigados e cobrar mais R$1 bilhão da empresa por prejuízos ao banco.
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Mas antes que isso aconteça, o Ministério Público tem que puxar o freio de um novo adversário da Lava Jato, que tem falado muita bobagem desde que assumiu a presidência do BNDES.
Trata-se de Paulo Rabello de Castro. Depois de dizer em uma palestra que o combate à corrupção é “fundamental, imprescindível e inadiável” no Brasil, ele provocou os procuradores da Lava Jato ao afirmar que da “caneta deles saem desemprego e fechamento de empresas”.
Desculpe, senhor, mas essa é a mesma tese que a dupla Lula/Dilma tentou difundir no país para desqualificar as investigações e incentivar as centrais sindicais a ir às ruas fazer badernas a pretexto de lutar contra o desemprego.
O economista argumenta que não sobrou praticamente uma única grande empreiteira com cadastro (saudável) para fazer negócio dentro do banco.
Rabello demonstra, com isso, incapacidade de administrar o órgão.
Desconhece, portanto, que o dinheiro público que chegava aos empresários malandros saia pelo ralo para sustentar políticos corruptos e encher os bolsos, inclusive, dos que o colocaram lá dentro do banco.
Por isso, evidentemente, os envolvidos na corrupção estão com o cadastro sujo.
É apenas isso, senhor.
O senhor Rabello quando emite essas opiniões desastrosas mostra que está desconectado com a realidade e nem um pouco preocupado com o rombo dento da instituição que dirige.
Esquece, esse senhor, que a sua função é devolver a credibilidade do banco para que ele volte aos seus objetivos com honestidade e transparência.
Dessas bravatas, de economistas de pranchetas, o Brasil cansou.
Responsável pela Operação Bullish, Ivan Marx é o procurador que investiga as negociatas do BNDES com a família Batista.
Ele já concluiu que as fraudes em empréstimos bilionários feitos ao conglomerado estão confirmadas nas apurações.
"Onde eu digo que eles (os Batista) estão mentindo é no BNDES. A Bullish apontou problemas em mais de R$ 1 bilhão em contratos. Os executivos vão lá, fazem uma delação, conseguem imunidade e agora não querem responder à investigação", constata ele.
As apurações provam que houve fraudes nas transações de Batista com o banco.
Portanto, soa estranho quando Rabello quer culpar os procuradores pelo desemprego e a falência das empresas envolvidas nos escândalos.
A mamata oficial entre as empresas da família Batista pode ser contabilizada em números.
Entre os anos de 2005 e 2014, quando o país esteve nas mãos do PT, o BNDES emprestou R$ 10,63 bilhões ao grupo J&F para que os rapazes de Goiânia, até então donos de açougues, comprassem outras empresas, transformando o grupo em líder mundial no mercado de proteína animal.
Na época, Lula e Dilma espalharam a notícia de que o Brasil estava então criando suas multinacionais e abandonávamos, assim, para sempre, o nosso “complexo de vira-lata”.
Ou seja: saia dos cofres dos nossos vira-latas os bilhões para gerar emprego e renda lá fora.
Depois dos escândalos, a pergunta é: e onde estão os nossos vira-latas?
Ora, os nossos vira-latas continuam sem o pedigree tão desejado, longe dessa linhagem familiar dos cães nobres.