Janot tem revés, e Fachin devolve delação de Funaro, com que procurador quer pegar Temer 31/08/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Ninguém sabe exatamente por quê — há apenas especulações a respeito; algumas bastante fundadas — o ministro Edson Fachin devolveu a Rodrigo Janot a delação de Lúcio Funaro, o mais novo candidato a integrar a galeria dos heróis do Ministério Público Federal.
Sabe-se que vem uma chuva de flechas contra peemedebistas graúdos, incluindo o presidente da República, Michel Temer.
E quem as envia, por óbvio, é o procurador-geral.
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Fachin pode — notem bem: pode!!! — ter aprendido alguma coisa com a experiência.
Depois do vexame do acordo celebrado com Joesley Batista, parece que o relator não está disposto a sofrer uma nova onda de descrédito.
Mas o que dizem, afinal, essas fundadas especulações sobre a devolução?
Já chego lá.
Primeiro, algumas considerações.
A flecha destinada a Temer, assim, dá uma ricocheteada — sim, isso também acontece com disparos desse tipo de arma.
Janot certamente vai mover seu corpanzil para tentar entregar a denúncia contra o presidente antes de sua saída, no dia 18.
Para ele, virou uma questão de honra.
Ou de desonra vaidosa, sabe-se lá.
Seu objetivo explícito era derrubar o presidente da República.
Quando a bomba Joesley foi jogada no meio do salão, Janot e seus capas-pretas imaginaram que o chefe do Executivo não duraria uma semana no posto.
Ouvi isso de políticos experientes e de jornalistas treinados na desconfiança.
Apostei que sobreviveria.
Sobreviveu.
Depois veio a certeza de que a denúncia deixaria o presidente sem saída, e a Câmara autorizaria o STF a avaliar a abertura de processo.
Mormente porque um poderoso grupo de comunicação resolveu transformar o “Fora Temer” em uma nova categoria jornalística.
Quem leu a peça acusatória sabia que não havia lá nenhuma evidência de que o presidente houvesse cometido um crime.
Tudo era mera ilação e presunção de culpa.
Janot, num seminário de jornalistas que são tidos ou se têm como investigativos, admitiu não ter prova.
E notem que não estou aqui a dizer: “O presidente é inocente!”
Não sou juiz nem Deus.
Sou apenas um indivíduo que lê esses documentos e que cobra rigor técnico do órgão estatal encarregado de acusar.
Li e constatei de imediato: a denúncia é uma farsa.
Tão logo receba de volta a delação de Funaro, com os reparos feitos, cumpre a Fachin agir com a prudência dos sábios, não com o açodamento que cobram dele os golpistas.
Ele já optou pela pressa irresponsável no caso Joesley.
Deu no que deu.
O que se comenta é que a delação traria o compromisso de que Funaro estaria livre de qualquer outra ação , inclusive de improbidade administrativa.
O Artigo 3º da Lei 8.429 é explícito ao afirmar que também os agentes privados, como Funaro, podem cometer crime de improbidade desde que “induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.”
Entre as punições cabíveis, estão suspensão dos direitos políticos e perda de função pública.
Funaro estaria cantando e andando para isso.
Ocorre que o texto também prevê “indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário”.
O ministro também teria determinado que os depoimentos de Funaro aos procuradores sejam mantidos em sigilo, para evitar aquele espetáculo grotesco verificado na delação de Joesley e seus bravos.
A denúncia nem existia ainda, e lá aparecia o delator, na televisão, fazendo acusações em conversa com procuradores.
Ou seja: buscava-se que o implacável juiz da opinião pública condenasse antes mesmo que se conhecesse o processo.
E há quem ache que exibir essas barbaridades é uma obrigação jornalística.
Não é, não.
A imprensa também não tem licença para condenar sem provas.
Aliás, ela não condena nem que as tenha.
Quem o faz é a Justiça.
Impedimento de Janot>/strong>
Ah, sim: Fachin recusou a petição da defesa de Temer, que pede que Janot seja considerado impedido de atuar em processos contra o presidente.
O mais provável é que se recorra agora a um agravo regimental para que o pleno se manifeste.
Atenção!
Mesmo que Janot não seja mais procurador-geral, seu impedimento pode ser declarado.
Nesse caso, tudo aquilo que se referisse ao presidente e que tivesse passado pelo crivo do antigo procurador-geral teria de ser devolvido à nova titular da PGR: Raquel Dodge.
A verdade é uma só: Janot vai embora, e Temer continuará presidente da República.
E isso tem nome para ele e para o suporte midiático desavergonhado que obteve nestes tempos: DERROTA.