Decisão de Janot provoca dúvidas entre investigadores 05/09/2017
- Coluna do Estadão - Andreza Matais e Marcelo de Moraes
Investigadores se perguntam ao final por que razão Joesley Batista entregou à PGR áudios que podem comprometer seu acordo de delação.
Joesley já se mostrou muito esperto para cometer erro tão crasso.
Ele tem ótimos advogados, conseguiu todos os benefícios: não foi preso; não teve o passaporte apreendido; não usou tornozeleira, não pode ser processado e, ainda, ganhou milhões após confessar crimes.
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A decisão de Janot de pedir a revisão do acordo com base nesses áudios também intrigou os que enxergam no movimento brusco uma vacina.
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Na entrevista, Janot disse que os áudios foram dados por Joesley de “livre e espontânea” vontade.
São quatro horas de conversas que trariam “graves indícios” envolvendo a Procuradoria e o STF.
ESQUENTARAM
A J&F nega que os áudios comprometam Joesley Batista. “O diálogo em questão é composto de “meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático”, diz.
FERVEU
Mas um trecho da nota chama a atenção. A J&F diz ter ouvido vários profissionais antes de decidir pela delação.
A Coluna apurou que a lista inclui Marcelo Miller, ex-braço direito de Janot que se associou a escritório que advogou para Joesley.
JOGO JOGADO
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, foi o primeiro a saber que Rodrigo Janot iria pedir a revisão do acordo de delação da JBS. Janot o avisou pouco antes de fazer seu pronunciamento.
TODO MUNDO TÁ FELIZ
No Planalto, a avaliação é que, ao pôr a delação da JBS sob risco, o próprio Rodrigo Janot praticamente sepultou a segunda denúncia que deve apresentar contra o presidente Michel Temer.
ÁRVORE ENVENENADA
A leitura é que as fragilidades na delação de Joesley Batista contaminam as informações do delator Lúcio Funaro, que darão sustentação à nova denúncia.
DESPERTADOR
Michel Temer foi avisado às 6:40 da manhã (horário na China) sobre a fala de Janot. Pediu calma e serenidade até que a íntegra dos áudios seja revelada.
Combinou também se reunir com Antonio Mariz, seu advogado, para discutir o caso.
DELAÇÃO EM DÚVIDA
A delação de Ricardo Saud, da JBS, não prosperou quanto ao escritório Erick Pereira Advogados.
A banca foi excluída pela PGR da lista de investigados no inquérito que apura caixa 2 de Robinson e Fábio Faria, governador potiguar e deputado.
NA MARRA
O senador Lasier Martins (PSD-RS) apresentou requerimento para convocar o ex-presidente Lula na CPI do BNDES. Defende que o petista explique empréstimos do banco a empreiteiras do petrolão.
DEFESA
A AGU ingressou no STF com pedido de habeas corpus para evitar que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, seja obrigado a comparecer a audiência, quarta, na Justiça da Bahia.
O CASO
Barros é acusado de descumprir liminar para compra de medicamento para síndrome de Hunter.
NO JOGO
O prefeito João Doria vai buscar o apoio do senador Aécio Neves para se fortalecer no PSDB e tentar garantir a indicação para a disputa presidencial no lugar do governador Geraldo Alckmin.
VOU PENSAR
O mineiro não gostou da veemência com que Doria apoiou seu afastamento do comando da sigla. Aliados de Aécio, porém, acham que a conversa ainda pode prosperar.
PRONTO, FALEI!
“Se fosse o PGR, não agiria de forma açodada como na primeira denúncia, que se mostrou inválida”, DE ANTÔNIO MARIZ, ADVOGADO DO PRESIDENTE MICHEL TEMER, dizendo que Raquel Dodge deve decidir sobre outra denúncia.