Delator da JBS confirma conversas com a PGR de Janot antes de Joesley gravar Temer 12/09/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Escrevi ontem um post cujo titulo era este: “Miller avisou: não cai sozinho; se for para a cadeia, dá-se como certo que Janot vira um alvo”. Pois é…
O que se comenta em Brasília é que, ao negar a decretação da prisão temporária de Marcelo Miller — o que é, em si, uma humilhação para um procurador que era braço-direito do chefão do MPF —, Edson Fachin, ministro do Supremo, estava apenas prestando um favor a Rodrigo Janot.
Aliás, seria um favor também a si mesmo. Mas isso ficará para outro post.
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Por quê?
Porque Miller estaria disposto a dar com a língua nos dentes e a contar tudo o que sabe.
Vale dizer: iria confirmar que Janot sempre soube de tudo e que toda a operação que resultou na gravação da conversa do presidente foi armada com o conhecimento da cúpula da PGR, muito especialmente… Janot!
Verdade ou mentira?
A ver.
O fato é que as razões para a prisão de Miller estavam mais do que dadas — e prisão preventiva, não a temporária —, mas Fachin a evitou, não é?
Ocorre que nem foi preciso que Miller contasse o que sabe.
Um dos delatores da JBS, Francisco de Assis e Silva, afirmou que esteve com ninguém menos do que Eduardo Pelella, este , sim, uma verdadeira sombra de Janot.
Se Miller era o seu homem de confiança nos assuntos ligados ao MPF, Pelella, o chefe de gabinete, está na conta do assessor pessoal, do Sombra, do carregador de malas.
Janot é seu guia espiritual. É seu ídolo. É o seu Don Giovanni do direito achado no arbítrio.
Assim como aquele tinha o seu faz tudo, o Leporello, Janot tem o seu “Lepelella”.
Sim, Assis e Silva diz ter estado com o Sombra de Janot cinco dias antes daquele 7 de março, quando Joesley gravou a conversa com o presidente da República.
Mais de uma vez, Janot negou que o MPF tivesse participado da armação.
Na verdade, Assis e Silva disse ter tido mais de três encontros com o Leporello de Don Janot…
O homem da JBS diz ter ouvido do promotor Sérgio Bruno, também da Força Tarefa, que “uma coisa era ter a gravação de um deputado, e outra, do presidente”.
Entenderam?
Pois é…
Na conhecida conversa safada entre Joesley e Saud, este pergunta àquele se era Miller quem contara a coisa toda a Janot, já que o dono da JBS insistia que o procurador-geral sempre soubera de tudo.
E Joesley deu a seguinte resposta:
“Nós falamos pro Anselmo. O Anselmo que falou pro Pelella, que falou pra não sei quem lá, que falou pro Janot. O Janot está sabendo. Aí o Janot, espertão, o que o Janot falou? Bota pra foder. Bota pra foder. Põe pressão neles para eles entregam tudo”.
Já disse neste post quem é Pelella.
“Anselmo” é o procurador Anselmo Lopes, da Operação Greenfield.
Documento
Atenção!
A armação foi de tal natureza que houve até um documento!
Informa a Folha:
“Assis e Silva afirmou que no encontro do dia 2 de março, participaram, além dos dois, Sérgio Bruno, a advogada Fernanda Tórtima, que também atuava para a JBS, e mais uma pessoa da qual ele não se recorda. Foi levado para a reunião, ainda segundo o delator, um documento com 13 itens detalhados sobre o que os executivos interessados em colaborar poderiam revelar. No depoimento, ele também fala que a JBS levou para a PGR três premissas: rapidez, sigilo e continuação dos irmãos Joesley e Wesley Batista à frente da direção da empresa. De acordo com os fatos narrados por Assis e Silva, esse teria sido o segundo contato com o grupo de Janot, mas o primeiro pessoalmente.”
Eis aí!
Será que os delatores da JBS devem ser levados a sério, a ponto de se montar uma operação para derrubar o presidente da República, mas tem de ser ignorados quando evidenciam que Janot e sua turma participaram do que pode ser caracterizado como um golpe?
No dia 18, Janot entrega o cargo. Vai querer ficar lotado como subprocurador em algum lugar, talvez no STJ (Superior Tribunal de Justiça), órgão que tratou no bico da chuteira, não é?
Afinal, o tribunal foi fonte permanente de suspeições, acusações e aleivosias durante o reinado de Don Janot.
E por que não se aposenta logo?
Porque ele vai buscar manter o foro especial, que seus rapazolas chamam de “foro privilegiado”.
E a ambição política?
Ainda voltarei a isso, mas convenham: Janot contribuiu para liquidar com a carreira de muita gente, mas ele não está melhor na fita, não.
Está deixando a Procuradoria Geral da República pela porta dos fundos.
A tentativa de golpear o governo Temer está mais evidenciada do que nunca.