Cármen se reúne com vice de Janot; ela deixa claro que não vê condições para outra denúncia 14/09/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
A muitos acabou escapando que o Supremo tinha uma segunda votação nesta quarta: uma questão de ordem pedindo a suspensão de eventual nova denúncia contra o presidente Michel Temer.
E, nesse caso, já afirmei aqui, que não se esperasse nada parecido com unanimidade havida no pedido de suspeição.
A suspensão se sustenta nas múltiplas evidências, reconhecidas, em parte, inclusive pelo próprio Janot, de que os “colaboradores” da JBS omitiram informações e manipularam o processo de delação.
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Também se adensam as evidências de que membros do MPF atuaram de forma ilegal nos bastidores.
O caso mais escandaloso é o do ex-procurador Marcelo Miller.
Por óbvio, cabe a questão; dados o que se sabe e o que próprio procurador-geral admite, a suspensão não será ao menos um ato de prudência?
Mais: nas heterodoxias sem fim de Janot, sabe-se que não há um segundo inquérito.
Na verdade, o caso “Lúcio Funaro”, que ancoraria a nova denúncia de Janot, está pendurado no mesmo inquérito que trata das delações dos irmãos Batista e sua turma.
É uma lambança!
Atenção!
O fato de os ministros terem rejeitado a suspeição de Janot não implica que rejeitem também a suspensão de eventual nova denúncia.
De toda sorte, este blog apurou que a ministra Cármen Lúcia atua nos bastidores para ver se evita a votação.
E qual é a melhor maneira se obter o que deseja?
Simples; basta Janot se abster de apresentar a nova denúncia.
De todos os ministros que estão furiosos com a atuação de Janot, a que se sente mais injuriada é Cármen Lúcia.
Começam a circular nos bastidores coisas do balacobaco, ditas pelos bandidos premiados, sobre ministros do Supremo.
Cedo ou tarde, as barbaridades virão à Luz.
Não faltam nem mesmo aleivosias e baixarias contra os ministros no campo, digamos, comportamental, de alcova.
São coisa aberrantes, falsas, mas que vão constranger muita gente.
Mais: sabe-se que José Eduardo Cardozo, por exemplo, fez, sim, a sua leitura pessoal sobre cada ministro.
Tudo é muito constrangedor.
Ontem, como vimos, Nicolao Dino, vice-procurador-geral, representou Rodrigo Janot na sessão que julgou a sua suspeição.
Estava lá em lugar do titular, com a tarefa óbvia de defendê-lo.
Nota: se quisesse, Janot poderia ele mesmo ter assumido a tarefa.
Mas sempre terá mais credibilidade uma defesa feita por terceiros quando cotejada com o elogio em boca própria.
Muito bem!
Cármen Lúcia e todo o Supremo acham que cobras e lagartos aparecerão.
E que esses bichos vão acabar levando para o esgoto a nova denúncia contra Temer.
Há o risco de o tribunal se negar a suspender um processo que acabará, depois, suspenso pelos fatos.
E, por isso, a presidente do Supremo se reuniu, a convite seu, a portas fechadas, com Dino — que, reitere-se, valia ali por Janot.
Este blog apurou que a ministra deu a entender ao vice-procurador — para que este dê a entender a Janot — que a apresentação, agora, de uma nova denúncia, a quatro dias de deixar o cargo, traz turbulências desnecessárias.
Gera muito calor e nenhuma luz.
Cármen, na verdade, quer evitar a sessão que abordaria a suspensão.
Ela pretende que não haja o que suspender até que não se conheçam todos os fatos sórdidos dessa história.
E o fio desencapado hoje atende pelo nome de Marcelo Miller.
Na avaliação da ministra, o melhor que o procurador-geral tem a fazer é encerrar em paz o seu mandato, deixando para a sua sucessora eventuais decisões sobre a nova denúncia.
Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na irresponsabilidade de Janot.
Ou ele não teria conduzido a coisa a tal situação-limite.
Mas ele sabe, também, que sua situação se torna mais grave a cada hora.