Diante de fatos que, dia sim e outro também, vêm à luz para evidenciar que a corrupção estrutural elevada a política de governo é a marca indelével do lulopetismo no poder, os apologistas dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, quando não os próprios, tendem a buscar no suposto combate às desigualdades sociais uma espécie de conforto moral para manter rija a defesa do indefensável.
O problema é que recentes estudos realizados por organizações insuspeitas têm revelado dados que compõem um quadro social muito diferente daquele inventado pelo marketing bilionário do PT e propalado pela eterna cantilena dos prosélitos do partido.
Um deles é o Atlas da Vulnerabilidade Social (AVS), lançado há pouco pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que revelou ter havido uma interrupção do processo de redução da vulnerabilidade social no período entre 2011 e 2015, os cinco anos completos em que a sra. Dilma Rousseff ocupou a Presidência da República.
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Após um périplo pela Região Nordeste, na verdade uma campanha eleitoral antecipada chamada espertamente de “Caravana Lula pelo Brasil”, o ex-presidente veio ao Twitter para denunciar o que seria a “retomada da concentração de renda com Temer”.
Trata-se, evidentemente, de mais uma distorção da realidade, para dizer o mínimo, feita pelo sr. Lula da Silva quando as evidências lhe são amplamente desfavoráveis.
Aliás, a manipulação de dados e fatos é, reconhecidamente, uma habilidade que o ex-presidente sempre teve e que leva os mais ingênuos a confundi-la com tirocínio político.
Publicado no início do mês, um estudo da World Wealth & Income Database (WID), organização que tem o economista francês Thomas Piketty em seu comitê executivo, mostra aos que têm apreço pela realidade os dados que o sr. Lula da Silva e seus defensores fazem questão de escamotear ou distorcer.
Contrastando o discurso petista, o documento "Extreme and Persistent Inequality: New Evidence for Brazil" mostra que não houve mudança no panorama da desigualdade social no País entre 2001 e 2015, período que marca a passagem do PT pelo governo federal.
Ao contrário, houve uma pequena piora.
No início do século, mostrou o estudo, a camada formada pelos 10% mais ricos da população brasileira detinha 54% da riqueza nacional. Em 2015, esse porcentual subiu para 55%. Já os 50% mais pobres passaram a deter apenas 12% da renda nacional ao final do período avaliado, ante os 11% aferidos em 2001.
O estudo não desconsidera que houve aumento de renda nos três segmentos metodológicos adotados, entretanto, a desigualdade – uma das mais perversas mazelas nacionais – permaneceu inalterada, a despeito de uma favorável conjuntura política e econômica.
O corte temporal adotado pela WID compreende o período em que o Brasil registrou significativas taxas de crescimento ante o período de estagnação da década anterior, sustentado, principalmente, pelo boom das commodities.
Além disso, coincide com o início do “primeiro governo de inclinação à esquerda desde a década de 1960”.
O estudo também não deixa de mencionar que com Lula da Silva ascenderam também ao Congresso partidários do ex-presidente que lhe deram ampla base parlamentar para governar.
Para fundamentar o estudo, a WID considerou tanto os dados da Receita Federal como as estatísticas oficiais publicadas pelo IBGE, notadamente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Esta foi uma decisão metodológica importante porque uma das principais críticas feitas aos estudos sobre desigualdade social no Brasil concentra-se no fato de que os mais pobres não declaram Imposto de Renda e, portanto, os indicadores seriam imprecisos.
Cabe indagar o que ainda sobra na cesta de argumentos em defesa do lulopetismo ante o esmaecer de sua principal estrela.