O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

INSTITUIÇÕES A PERIGO
03/10/2017 - FAVECO CORRÊA - DIÁRIO DO PODER

Faz tempo que ando desconfiado, apesar de veementes declarações em contrário de varias autoridades, que as nossas instituições não estão funcionando lá muito bem, como seria de se esperar.

Esta nova lambança envolvendo o Supremo Tribunal Federal e o Senado é mais um forte indício de que realmente há algo podre no reino da Dinamarca...

Segundo o Ministro Marco Aurélio Mello, estamos sim vivendo uma crise institucional, e das graves.


PUBLICIDADE


Vamos esperar o desenrolar dos próximos capítulos dessa lamentável novela para ver como o Brasil sai dessa, ou melhor, como a nossa democracia sai dessa.

Por falar em Supremo, pode até ser que os eminentes juristas togados com emprego vitalício estejam convencidos que lá nas suas bandas as coisas estão indo bem, mas, certo ou errado, não é isso o que pensa a sociedade.

Os cidadãos estão chegando á conclusão de que o STF está muito distanciado dos anseios do povo que lhes paga os salários e que não está administrando a justiça como deveria, transformando-se no templo da impunidade para o montão de famigerados detentores de foro privilegiado.

Tome-se como exemplo a Lava Jato: 107 condenados em Curitiba e nenhum em Brasília.

Também não pega bem ver o plenário da Suprema Corte dedicar horas e horas do seu precioso tempo, como o fez na quinta-feira 28, para julgar improcedente a ADI contra dispositivo da lei que regulamenta profissão de nutricionista...

Pode?

E que tal o legislativo, está funcionando bem?

Só se for para eles mesmos, os parlamentares, que acabam de perpetrar mais um golpe sujo aprovando pelo menos mais 2 bilhões para a campanha de 2018, que, somados aos 867 milhões do fundo partidário, vão fazer jorrar dinheiro nas eleições do ano que vem, para deleite dos marqueteiros e permitindo descaradamente que os caciques se perpetuem no poder, eles que se apossaram da nossa democracia pós 1988.

Como esta grana toda, vamos assistir mais uma vez produções hollywoodianas vendendo gato por lebre e propiciando estelionatos eleitorais como o de 2014.

Esta é a tal reforma política que tanto se falou, que de prático só resultou em mais dinheiro para os políticos abusarem da nossa vergonha, coisa que eles não têm, e para sepultar de vez a possibilidade de renovação dos quadros, tão necessária e que tanto queremos.

Veja-se a louvável iniciativa da criação do RenovaBr – Fundo Cívico para a Renovação Política - lançado pelo empresário Eduardo Mufarrej, e que já tem o apoio de importantes personalidades como Luciano Hulk, Armínio Fraga, Abílio Diniz e Nizan Guanaes, entre outros, para financiar o surgimento de caras novas.

Enquanto isso, as coisas que realmente interessam à nação vão ficando para as calendas gregas, como as reformas da previdência e tributária.

E o Executivo, será que está funcionando a contento?

Não parece.

A desaprovação do governo atual, segundo o IBOPE, atingiu uma baixaria sem precedentes na história superando coisas tais como José Sarney, Fernando Collor e Dilma Rousseff, o que parecia impossível.

Como governar sem a confiança do povo?

Para esta deplorável situação muito deve ter contribuído, entre outras coisas como ex ministros presos por roubalheira e outros tantos sub judice, inclusive o Chefe da Nação, o episódio do RENCA – Reserva Nacional de Cobre e Associados - que foi criada a “descriada” na Amazônia, revelando uma insensibilidade de fazer inveja ao Stanislaw Ponte Preta e o seu festival de besteiras que assola o país.

O preocupante dessa conjuntura é o risco para nossa jovem democracia, conquistada a duras penas.

Naquela ocasião, a das diretas já, ficou provado que o povo unido jamais será vencido.

Nossos políticos e autoridades estão brincando com fogo.

Rastilhos mais rastilhos, focos mais focos de incêndio podem levar ao descontrole institucional e a um retrocesso não compatível com a construção de uma nação prospera e socialmente justa como a que tanto almejamos.

Se a vergonha não voltar urgentemente, a vaca pode muito bem ir pro brejo e voltarmos a perder a liberdade, bem mais caro de qualquer cidadão.

Será que não se dão conta disso?

E do risco que estão correndo?

Além da grande e inesperada repercussão alcançada pelas declarações do General Mourão, já estamos assistindo o surgimento de alguns movimentos completamente indesejáveis, como manifestações de rua e buzinaços pedindo intervenção militar para limpar a casa dos ratos que a infestam.

Que Deus nos livre!

Mas o fato é que uma boa parcela da população não está conseguindo ver uma luz no fim do túnel e não quer continuar sendo vergonhosamente saqueada por um bando que não a representa.

E exige uma solução, venha ela de onde vier.

Este é o grande perigo.

Compartilhe: