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O Outro Lado Porque tudo tem dois, menos a esfera.

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Fachin e Cármen decidem peitar o Congresso, e senadores adiam caso Aécio: a desonra e a guerra
04/10/2017 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

O Senado adiou para o dia 17 a decisão sobre o caso Aécio Neves. Em tese, ao menos, escolheram o caminho da paz. Vão continuar a ter a guerra. Vamos ver.

Brasa escondida é a que queima. Quem é caipira, como sou, sabe bem a verdade desse ditado. Até porque já passou dias de frio à beira de um fogão a lenha e tentou avivar o fogo, remexendo as cinzas. De repente, a brasa escondida. Você olha, está pretinha de tudo, como se o fogo dali já houvesse se despedido. E pimba! Queima mesmo. Um sopro mais vigoroso, e o que era negro se incendeia.

Vamos ser claros?


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Vamos!

Cármen Lúcia estava nos planos das forças que resolveram depor Michel Temer em uma semana.

A articulação envolveu Rodrigo Janot, um grupo de comunicação, Edson Fachin e, sim, Cármen Lúcia.

Ela endossou parte das ilegalidades que estavam na raiz da operação.

Quando o ministro se faz relator de um caso que não era seu, evitando o sorteio, violava-se o princípio do juiz natural.

Sigamos.

Edson Fachin fez o que dele se esperava.

Negou mandado se segurança impetrado pelo PSDB e pela defesa de Aécio Neves (PSDB-MG).

O pedido chegava a ser singelo: que se suspendessem as punições ao menos até o dia 11, quando o Supremo julga, ou começa a julgar, uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que vai definir se medidas cautelares impostas a parlamentares devem ou não ser submetidas à respectiva Casa: Senado ou Câmara.

Não há resultado bom: há o ruim e o pior.

Mas sigamos.

Os mandados de segurança, como já escrevi aqui, eram um ponto intermediário, negocial, entre a decisão destrambelhada do Trio do Barulho — Roberto Barroso, o da champanhe; Luiz Fux, o beija-pés, e Rosa Weber, a do olhar perdido — e uma votação do plenário que pode anular as medidas.

Buscar-se-ia um consenso.

Eis que se fez o sorteio, e a relatoria cai justamente com Edson Fachin.

Ora, qualquer um em seu lugar se declararia impedido — na verdade, suspeito —, uma vez que tudo começou com ele: na condição de relator de um caso que não era seu, impôs as medidas cautelares a Aécio, decisão depois revogada por Marco Aurélio.

É evidente que não poderia ser ele o relator, ora essa!

Afinal, sua posição era mais do que conhecida.

Fachin, que compõe o Quarteto do Barulho, resolveu, mais uma vez, dar um truque.

Caso se declarasse suspeito, o recurso cairia em outras mãos.

Mas ele preferiu enviar o pedido a Cármen Lúcia.

Ah, foi o sopro na brasa.

Afirmou a doutora:

“A se adotar a tese defensiva do afastamento do ministro Edson Fachin, chegaríamos ao absurdo de não poder ser julgada a impetração pelo plenário deste Supremo Tribunal, pois os cinco ministros da Primeira Turma estariam impedidos e mais um da Segunda turma, inviabilizando o quórum mínimo de seis ministros”.

O que isso significa?

Nada!

Querem que eu demonstre?

Demonstro: e se Fachin tivesse declinado da tarefa, Cármen?

Ora…

A ministra vai além e diz que a causa de suspeição já se desfez quando Fachin entregou o caso para redistribuição.

Segundo ela, o que se contesta agora é a decisão dos três da Primeira Turma.

É mero truque retórico.

É tolice achar que aquela que havia sido escalada para suceder Temer por intermédio da eleição indireta quer a paz.

Não é a primeira vez que ela deixa claro que gosta mesmo é de guerra.

O que o Senado tem de fazer?

Acho que deve se lembrar das palavras de Churchill quando Chamberlain e Daladier celebraram com Hitler e Mussolini o Tratado de Munique, em 1938.

Para evitar a guerra, os governos do Reino Unido e da França concordaram com a anexação, pela Alemanha, de um pedaço da Checoslováquia.

Foram recebidos como heróis quando voltaram a seus respectivos países por terem selado a suposta paz.

Até parecia que Hitler iria se contentar com aquele pedacinho de terra…

E Churchill foi definitivo sobre Chamberlain e Daladier:

“Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra e terão a guerra”.

Assim está o Congresso Nacional e nisso devem pensar os senhores parlamentares quando dizem não querer guerra com o Ministério Público e com o Supremo: se escolherem a desonra, terão a guerra.


  

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