Viva a Lava Jato! Lula, em 1º, está lascado; Bolsonaro, em 2º, lasca o país. E nós morremos no fim 11/10/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
“Eu sei que tô lascado, todo dia tem um processo. Eu não quero nem que Moro me absolva, eu só quero que ele peça desculpas. Eles [investigadores] chegam a dizer: ‘Ah, se o Lula não for candidato, ele não vai ter força como cabo eleitoral’. Testem”.
A fala acima é do ex-presidente Lula durante um seminário sobre educação em Brasília, nesta segunda. Disse mais:
“Eu quero que eles saibam o seguinte: se eles estão acostumados a lidar com deputado, que tem medo deles; a mexer com senadores, que têm medo deles… Quero dizer que tenho respeito profundo por quem me respeita, pelas leis que nós ajudamos a criar, mas não tenho respeito por quem não me respeita e eles não me respeitaram”.
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Embora o PT se negue a debater desde já uma nome para substituir Lula na disputa de 2018, partido e (ex)-pré-candidato dão a condenação no TRF4 como muito provável.
E mais: talvez saiam ainda outras condenações das mãos de Sérgio Moro.
A fala de Lula evidencia o jeito como ele entende o Estado e as relações de poder — e não entro aqui no mérito da condenação.
O petista expõe menos a indignação de quem se acha injustiçado do que a ira de quem se acha desrespeitado.
Pressionado, busca um discurso à esquerda e resolve atacar os tais “mercados”.
E provoca:
“Não tenho cara de demônio, mas quero que eles me respeitem como se eu fosse, porque eles sabem que a economia não vai ficar subordinada ao elitismo da sociedade brasileira”. Fez até alusão ao fato de Jair Bolsonaro estar ensaiando passos rumo a uma pauta mais liberal. Segundo o petista, o deputado “agrada ao mercado”, e “o PT tem de desagradar”.
Fala a sério?
Uma das razões de fundo que explicam o fato de Lula viver quadra tão difícil é justamente a intimidade de seu partido com os tais mercados e seus associados – uma intimidade que foi além do molde institucional.
Uma coisa é certa: qualquer que seja seu destino, Lula terá, sim, um papel relevantíssimo nas eleições de 2018.
Se disputar, e a possibilidade é remotíssima, entra como favorito, e as chances de vencer são gigantescas.
Como é provável que seja impedido pela Justiça, teremos um “líder da resistência”, pouco importa se dentro ou fora da cadeia – preso, pode ser ainda mais perigoso.
O “lascado” Lula é personagem que só contenta os idiotas.
Não há nada de bom ou virtuoso no fato de que venha a ser a Justiça a afastá-lo da disputa, não o eleitor.
Estou sugerindo absolvição?
Não entro no mérito. Espero que a Justiça decida segundo as provas.
O que me pergunto, e sei a resposta, é como o pais chegou à situação em que um alguém sete vezes réu é o candidato favorito a 2018.
Não sendo ele o nome que figurará na urna eletrônica, será quem?
Para onde vai a sua massa de eleitores?
O que me pergunto ainda, e sei a resposta, é como um Jair Bolsonaro, pensando o que pensa e dizendo o que diz, figura como segundo colocado nessa disputa, podendo, eventualmente, ser barrado pela glossolalia de Marina Silva.
Quem nos conduziu a tal pindaíba?
A resposta ligeira é esta: os políticos corruptos.
Errado!
Lula é o que vive a situação jurídica mais delicada e, no entanto, seria eleito presidente.
O ponto é outro.
O Ministério Público Federal, sob o comando de Rodrigo Janot, em parceria com seus menudos assanhados e com parcela da Polícia Federal, da Justiça Federal e do STF, conduziram o país à beira do abismo político.
“Ah, Reinaldo, a alternativa era não investigar nada?”
Uma ova!
A alternativa era fazê-lo segundo as regras do jogo, num esforço para corrigir os desvios da política, não para destruí-la ou refundá-la, como defendem abertamente os celerados.
Ademais, como se viu no caso da reforma política, não dispomos de lideranças capazes de substituir a estupidez pela prudência e pela serenidade.
Quase todos os que poderiam exercer esse papel foram mortos pelas flechadas de Janot e seus selvagens do bambu.
Fossem culpados ou inocentes.
Lula a liderar as pesquisas é obra desses celerados.
Bolsonaro estar em segundo lugar é obra desses celerados.
Até agora, não apareceu a tal luz no fim do clichê.
Por enquanto, apesar da retomada evidente da economia e das reformas encaminhadas, dentro do limite possível por Michel Temer, morremos no fim.
A menos que apareça a voz da ponderação e que ela consiga falar à alma aflita da esmagadora maioria dos brasileiros.