Clodovil silencia plenário ao reclamar do barulho 06/02/2007
- Folha Online
No primeiro discurso no plenário da Câmara dos Deputados depois de tomar posse, o deputado Clodovil Hernandez (PTC-SP) conseguiu calar os parlamentares presentes à sessão na tarde desta terça-feira após ironizar o barulho provocado pelos colegas.
Visivelmente irritado com as conversas paralelas no plenário, Clodovil comparou a Câmara a um ¨mercado¨ popular. ¨Eu não sei o que é decoro [parlamentar] com um barulho desses enquanto a gente fala. Parece um mercado e isso aqui é a Casa do povo. Não entendo tanto barulho. Nem na TV, que é popular, as pessoas fazem isso¨, criticou.
A ¨bronca¨ nos deputados ocorreu depois de discursar por cerca de dez minutos no plenário. Sem conseguir a atenção dos colegas, o deputado reagiu atingindo o seu objetivo: os mais de 350 deputados presentes na sessão fizeram silêncio para acompanhar as palavras de Clodovil.
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No discurso, o deputado pregou o amor e a bondade como ferramentas capazes de melhorar a atuação da Câmara. ¨Se eu amo a Deus, não tenho medo. O que quero é amar vocês. (...) Defendo a bondade em cada ato desta Casa, porque sei, por experiência própria, que a bondade cura mais do que qualquer remédio¨, afirmou.
Segundo Clodovil, a bondade é um sentimento capaz de ¨dar uma nova chance¨ a qualquer pessoa --inclusive a quem cometeu ¨os sete pecados capitais¨. O deputado conclamou os colegas a superarem a avareza, a soberba, a preguiça e a inveja para que consigam efetivamente trabalhar pelo país. ¨É disso que o Congresso brasileiro precisa, de uma nova chance, de um novo olhar¨, afirmou.
Bordão
Clodovil admitiu, ao discursar para os deputados, que ¨em nenhum momento¨ desejou se tornar deputado federal. ¨Após ter construído uma carreira sólida e de sucesso como estilista e comunicador, chego aos 70 anos dando uma dessas guinadas inesperadas¨, disse.
Os deputados Luiza Erundina (PSB-SP) e Paulo Maluf (PP-SP) interromperam o discurso de Clodovil para elogiar a expressiva votação do deputado -- que chegou à Câmara com cerca de 494 mil votos.
¨Não posso deixar de me congratular com Vossa Excelência, que diz por fora o que está pensando por dentro. Vossa Excelência vai ser um dos mais ativos, polêmicos e respeitados deputados desta Casa¨, disse Maluf.
A deputada Gorete Pereira (PR-CE) também interrompeu o discurso de Clodovil para elogiar o colega e, ao final de sua intervenção, o deputado afirmou: ¨Me desculpe, mas eu não sei o nome da senhora¨.
Já o líder do PTC na Câmara, Carlos William (MG), disse que Clodovil tem o dever de expressar os seus sentimentos no plenário, sem censuras. ¨O que assistimos até agora não atingiu nem a honra nem a imagem deste Parlamento¨, disse William.
O deputado finalizou o discurso com o bordão que marcou sua campanha à Câmara Federal. ¨Tenho certeza de que ao praticarmos a política com bondade, Brasília nunca mais será a mesma, nem o Brasil.¨
big>Interrompido, Clodovil chama Chinaglia de ¨mal-educado¨
Após discursar por cerca de 20 minutos no plenário da Câmara esta tarde, o deputado Clodovil Hernandez (PTC-SP) disparou críticas ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que interrompeu as palavras do parlamentar para dar início aos trabalhos da Casa Legislativa. Clodovil disse que Chinaglia foi ¨mal-educado¨ ao interrompê-lo de forma tão brusca.
¨O senhor Chinaglia me botou para fora sem dizer nada, é muito mal-educado. Eu ouvi ele uma hora falando no meu ouvido quando queria o meu voto [para a presidência da Câmara]. Eu não preciso dele para nada. Estou aqui por desejo das pessoas e não dele¨, disse.
O deputado também criticou os deputados presentes no plenário que, ao final do seu discurso, não aplaudiram suas palavras. ¨Acho o plenário mal-educado. Se a gente trabalha para uma nação, a gente tem que prestar atenção no que as pessoas estão dizendo. Vocês estão cobrindo o quê, fuxico? Vocês estão fazendo matérias que podem ser de interesse do povo¨, disse Clodovil aos jornalistas.
Em rápida entrevista após o discurso, o deputado afirmou que ¨não vai deixar barato¨ qualquer ofensa recebida na Casa. ¨Comigo não tem brincadeira porque eu não vou deixar¨, sentenciou.