CHEGA DE REELEIÇÃO 03/11/2017
- JOSÉ MARIA COUTO MOREIRA*
Reeleição para cargos de natureza executiva é tema recorrente nas repúblicas. Umas a admitem até por mais de uma vez, como foi o caso dos Estados Unidos (nosso paradigma histórico) até 1.945, quando o povo americano chegou a reeleger Franklin Roosevelt por quatro vezes sem interrupção.
Os retornos de Roosevelt à Casa Branca encontravam justificativas no tempo, como, de resto, em toda eleição livre assinalam-se os feitos do reeleito.
É de conhecimento geral o êxito de suas administrações em momentos difíceis por que passou a nação, credenciando-se junto a seu povo com o New Deal, o plano que revigorou a economia, vencendo a depressão.
PUBLICIDADE
Apesar da poliomielite que ameaçava seu exercício desenvolto, capacitou-se como líder de um esforço nacional unindo sindicatos e industriais, e depois, como líder no segundo conflito mundial, integrou o que a imprensa se referia como “os três grandes”, colhendo, afinal, as palmas de todo o mundo pela rendição incondicional do Império do Japão, hora em que a honra americana foi lavada.
Os Estados Unidos, pois, tem passado a recontar para a historiografia eleitoral.
O Brasil, sempre invocando o precedente que qualifica a reeleição presidencial americana, não pode ostentar boas razões para manter a reeleição, tanto agora como antes.
A experiência inaugural da reeleição deu-se no governo FHC, interessando-se o presidente mais em viabilizar sua nova candidatura do que atentar para a promoção de políticas públicas eficientes.
O país todo é testemunha de seu esforço para manter-se naquela cobiçada curul.
De seu sucessor, a quem o povo, enganadamente, conferiu novo mandato, estão aí suas estripulias, a provar que o primeiro foi desastroso e o segundo, catastrófico.
Sua discípula, a “presidenta” (ela ainda não entendeu que o adjetivo é invariável), encontrou erros e desvios que poderia consertar, mas, ao contrário, emplumada com poderes que imaginava insuperáveis, os consolidou, praticando, de resto, com traquinagens e travessuras outras, um exercício virtuoso para jogar o Brasil no lixo, que é onde ele ainda se encontra. E querem voltar, brasileiros, a dupla quer voltar!
As esferas inferiores de poder também acusam os mesmos inconvenientes em uma reeleição, seja para governador ou prefeito.
Os candidatos não estão preparados para entenderem o fenômeno de um novo mandato, e por isso não o exercerão com o impulso que o gerou.
Atualmente, então, em que a prestação de serviço do agente público transformou-se em oportunidade de negócio, o eleitor está mais atento, sim, mas sem proteção para sua boa fé.
As redes sociais – hoje a grande fonte de formação de opinião – agem poderosamente para o sim ou para o não. Os municípios, em número de 5570, inseridos em uma vastidão territorial continental, são células quase sempre inexpugnáveis para um controle orçamentário pronto e rígido a afastar planos de maracutaias, cuidadosamente pensadas e executadas.
A inspiração para a reeleição no Brasil, com uma impiedosa camada de analfabetos a pesar sobre nosso destino, a que se junta a pobreza extrema, se associam em massa de manobra, e estas indústrias prosperam ano a ano na expectativa de candidatos.
Tudo isto porque o Mayflower não deu com os costados aqui, mas lá.