A pretexto de montar uma saída elegante, conforme recomendou o governador Marconi Perillo, o PSDB comete a suprema deselegância de se juntar ao governo Michel Temer para contar lorotas à sociedade.
Tanto o presidente quanto tucanos de primeiro escalão se disseram “surpresos” com o pedido de demissão de Bruno Araújo do ministério das Cidades que, por essa versão, vai precipitar as mudanças na equipe que inicialmente seriam feitas em abril quando os ministros candidatos às eleições deveriam se desincompatibilizar dos cargo.
Oficialmente, nada a ver com a urgência de o tucanato mostrar ao público que não estava sendo posto para fora e a necessidade do PMDB de colaborar com a salvação da honra do partido a fim de não queimar pontes e caravelas que poderão ser bastante úteis em 2018.
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Verdadeiramente, é o que acontece.
Ou o leitor e a leitora atentos se esqueceram de que na semana passada Michel Temer deu como “consolidada” a saída do PSDB?
Lembram-se também de que depois disso, Aécio Neves – a âncora que mantinha o partido atrelado ao Planalto – se apressou em constatar a aproximação do momento do desembarque.
Puxando um pouco mais pela memória devem se recordar do seguinte: tão logo o país ficou sabendo das tratativas entre Aécio e Joesley Batista, Bruno Araújo anunciou, e depois recuou, que deixaria o ministério aliado ao grupo que preconizava pelo afastamento àquela época.
Isso faz seis meses. Nesse período, Araújo se manteve silente sobre seu recuo e palavra pública não deu mais sobre a questão do sai ou fica.
É de se perguntar, então, qual a surpresa?
Nenhuma.
Apenas a direção o liberou para retomar a decisão original devido às circunstâncias.
O PSDB precisava urgentemente fazer um gesto que marcasse a saída como iniciativa própria.
A ajuda do Planalto veio na forma de versão bem ajeitada sobre a “reforma ministerial” que não reformará coisa alguma.
Apenas acomodará os valdemares da costa neto da vida que reivindicavam, ao feitio de chantagem, postos mais robustos dos pontos de vista eleitoral e orçamentário para voltarem a conversar sobre a hipótese de votar assuntos de interesse do governo no Congresso.
Temer topou, inclusive porque um PSDB conflagrado, queixoso e desprovido da antiga condição de boa grife já não lhe servia para praticamente nada.