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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Peruca sobe à cabeça de Fux
21/11/2017 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

O ministro Luiz Fux não estava para brincadeira na entrevista concedida à BBC Brasil. Falou bobagens aos borbotões, não salientes como aquele seu topete que, bem…, é a variante estético-jurídica da “fake News”.

Ele certamente vai perdoar o meu humor. Reproduzo duas perguntas e duas respostas deste pensador improvisado do direito, da história e da política. Vamos ver?

BBC Brasil – Outro fenômeno da sociedade brasileira é uma rejeição da política e dos partidos tradicionais. Nesse contexto, possíveis candidaturas de pessoas que nunca tiveram experiência com política começam a aparecer. O apresentador Luciano Huck e o seu ex-colega de tribunal Joaquim Barbosa são exemplos. Qual a sua opinião sobre essa ascensão de nomes sem bagagem política?


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FUX – Entendo que a sociedade sente, em seu interior, uma falta de representatividade adequada. De sorte que, no meu modo de ver, haverá modificação do cenário político. Por outro lado, uma figura emblemática que represente a ética, a moralidade e probidade hoje é a escolha preferida do eleitor. Entretanto, essas pessoas não governam sozinhas. Essas pessoas precisam de grandes equipes. O que estamos verificando é que esses candidatos denominados ‘outsiders’ têm apresentado equipes eficientes que já funcionaram em governos anteriores com muita qualidade e muita eficiência.

COMENTO

Eu poderia começar a discordar da pergunta, né? De qual ascensão trata a pergunta? Mas deixo isso pra lá agora. Vamos à resposta. Fux é um gênio! Ele descobriu que existe “uma sociedade” e, mais importante do que isso, sabe onde está o “seu interior”. Ao penetrá-lo, o percuciente detectou uma sensação subjetiva do interior da sociedade: “a falta de representatividade adequada”. Ah, entendi…

Será por isso que Luiz Inácio Lula da Silva seria hoje reeleito presidente? Será por isso que ele aparece com um patamar de 35% das intenções de voto e bateria qualquer personalidade brasileira no segundo turno — só um Sérgio Moro poderia dar trabalho, mas, tivesse de apostar, o petista levaria… Sabe o que pode aquele discutível estilo “50 tons de preto” dos terninhos do doutor nas vastas solidões povoadas do Brasil? Nada!

Ao falar dos “outsiders”, o ministro parece saber mais do que a imprensa. Segundo diz, “estamos verificando é que esses candidatos denominados ‘outsiders’ têm apresentado equipes eficientes que já funcionaram em governos anteriores com muita qualidade e muita eficiência.”

Cadê as equipes?

Do que ele está falando?

Mas sigamos.

BBC Brasil – Especificamente falando do ex-ministro Joaquim Barbosa. O senhor acha que ele tem chance? O que o senhor acha de juízes na política?

FUX – Em primeiro lugar, até por força de ideologia anglo-saxônica, somos repugnantes a um governo de juízes, até porque juízes não podem ter filiação partidária. Mas o ministro Joaquim Barbosa não é mais juiz. É uma figura que a sociedade admira muitíssimo e eu entendo que ele seja um grande nome nesse momento que o Brasil precisa de uma repercussão internacional de que seu dirigente é um exemplo de moralidade e de probidade. E ele saberá montar uma equipe à altura do seu próprio conhecimento, na medida em que ele foi um excelente presidente do Supremo Tribunal Federal, goza da confiança legítima do povo e tem grandes companheiros que podem formar uma belíssima equipe para administrar o Brasil. Entendo até que basta o ministro Joaquim Barbosa se lançar porque várias personalidades que têm qualidade técnica para administrar o Brasil vão se apresentar para oferecer seus serviços em prol do Brasil.

COMENTO

Será que Fux estava no seu perfeito juízo quando concedeu essa entrevista? O Brasil tem “ideologia anglo-saxônica”??? Em quê? No direito, não é. Na historiografia? Não é. Nos costumes? Não é.Na organização do estado? Não é? Na herança deixada pelo colonizador? Não é.

A partir de fevereiro, este senhor será presidente do TSE. E nós o vemos a saudar o fato de que uma figura pode se apresentar, acima dos partidos — ou tendo uma legenda como mera barriga de aluguel — para disputar a Presidência em nome da moralidade da probidade. Barbosa não conseguiu conviver com a divergência num tribunal em que havia 10 outras pessoas apenas.

A política, segundo Luiz Fux, é uma daquelas paradas da Zona Sul, entenderam? As pessoas vão chegando ao “Posto X” da praia, em que se encontram os iguais e vão oferecendo os seus préstimos ou dividindo o seu chá e o seu polvilho. Trata-se de uma das maiores somas de asneiras que li nos últimos tempos.

O mais espetacular é que isso tem história. Olhem aí a velha tentação do Tirano de Siracusa, do rei sábio. Deu errado naquele caso; daria nesse.

De resto, não é verdade que Joaquim Barbosa tenha sido um excelente presidente de tribunal. A paralisia no Conselho Nacional de Justiça, sob os seus auspícios, o prova.


  

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