Nova Previdência: problema é do país, não de Temer 01/12/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Não! Não existe o número necessário de deputados para aprovar a reforma da Previdência. E os governistas admitem que não se vai conseguir botar a emenda em primeira votação no dia 6, como se pretendia. Os que defendem o texto vão tentar votá-lo na semana seguinte, se possível, nos dias 13 e 14. Não será fácil.
Os setores da imprensa que são patologicamente antigovernistas passaram a se divertir, quase com escárnio, a partir da votação da segunda denúncia contra o presidente na Câmara: “Ah, só 251 votos? Então o governo não consegue aprovar a reforma da Previdência”.
Ocorre que havia na frase um erro de sujeito.
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“O governo”??? Sendo aquele placar uma métrica do que viria depois — nem era, já que a indisposição com a reforma se dá por outros motivos —, o certo seria dizer:
“Assim, o país não aprova a reforma da Previdência”.
Custou até que alguns patriotas percebessem que a mudança não é uma questão pessoal do presidente. Não é uma vaidade ou um ganho político personalista.
Nesse sentido, as bobagens em série protagonizadas pelos tucanos foram bastantes uteis para deixar claro o discurso hipócrita ou, quando menos, errado.
Como esquecer que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, há menos de dois meses, havia se engajado na tese da antecipação das eleições, ignorando que o governo Temer pode ser a janela única que se tem para fazer a reforma da Previdência.
Há erros que podem ser imperdoáveis.
O presidente Michel Temer, sua equipe e Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, fazem um esforço sincero para votar em dois turnos, ainda neste ano, a reforma a que o governo pôde chegar — mitigada, sim, mas sem as concessões estúpidas propostas pelo tucanato.
Se não se conseguir agora, a chance de que as coisas andem em 2018, ano eleitoral, são bem menores.
Se a mudança fica a depender do Senado, haverá um constrangimento político para que se vote.
Mas, por óbvio, é preciso ter pelo menos 308 votos na Câmara.
Amanhã, sábado, Temer se encontra com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, virtual candidato do PSDB à Presidência e virtual presidente da legenda, o que vai ser referendado na convenção nacional do dia 9.
Na pauta da conversa, estão os 46 votos que o partido tem na Câmara e o desembarque oficial do partido, que deve mesmo deixar o governo, ainda que Temer possa manter tucanos na Esplanada, mas na sua cota pessoal.
Embora não lhe reconheçam os méritos, Temer operou, nesse caso, com precisão cirúrgica.
Ao deixar claro que seu governo chegará a bom termo com ou sem reforma; que não dará murro em ponta de faca se o Congresso, a sociedade e a imprensa deixarem claro não querer a mudança, provocou uma onda de realismo.
Parte da imprensa, ao menos isso, se mancou.
Viram-se os tais mercados a colocar preço na não-reforma e se perguntou o óbvio, chegando-se a resposta não menos óbvia:
“Bem, mas, se não for feita agora, será feita quando? Algum candidato vai se comprometer com as mudanças na disputa eleitoral de 2018?”
E também se fez uma constatação aterradora: ainda que o Congresso possa não ser o espelho da esperada fragmentação de votos na disputa pela Presidência em 2018, uma coisa é certa: imune a ela, o Parlamento de 2019 não será, certo?
Imaginem um Congresso ainda mais dividido do que o temos hoje, estando, eventualmente, na Presidência, um chefe que, na campanha, ou pregou contra a reforma ou com ela não se comprometeu.
Nesse caso, o que nos aguarda?
O desastre.
Sem reforma, a economia anda com razoável desenvoltura até meados de 2019.
Depois começa a nova espiral para baixo.
De novo!
Os tucanos, santo Deus!, não perceberam até agora que Michel Temer é o nome de uma solução, não de um problema.