Bicos compridos e voo curto 03/12/2017
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, provável candidato em 2018, disse no início da semana ao jornalista José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, que no comando do partido faria o PSDB se afastar do Governo Temer.
Apoiaria as reformas, mas de fora. A seu ver, não havia nenhum motivo para se manter no Governo.
O partido sai?
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Na hora das promessas, ia sair. Mas o chanceler Aloysio Nunes já disse que não sai, não há motivo para sair.
Apoiar de fora não gera limusine nem viagens.
Bruno Araújo saiu, mas Luislinda Valois, a que se sente escrava com menos de R$ 60 mil mensais, só sai obrigada.
Tem razão: se sair, quem vai notar?
Aloysio usou o mais puro tucanês ao dizer que o problema do afastamento entre PSDB e Governo é outro.
“O PSDB não faz parte da base do Governo, o PSDB apoia o Governo, não rompeu com o Governo”.
A prova de que Aloysio tem razão é o número de reuniões que os tucanos marcam para discutir como apoiar sem apoiar: as decisões estão tomadas, todos em cima do muro, mas só numa reunião é possível que todos ergam os braços, se abracem, e nessa posição apunhalem os amigos pelas costas.
Mas o próprio Aloysio, chefe da diplomacia tucana, anunciou outra decisão: se o partido decidir se afastar do Governo, ele, Aloysio, se mantém no cargo.
Irritou-se muito com os repórteres que insistiram em fazer perguntas sobre o tema.
Afastar-se de limusines não é algo que lhe agrade.
TINHA UMA PRÉVIA...
Alckmin tem tudo para sair em 2018, mas precisa vencer (ou esmagar) o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que pede prévias no PSDB.
Alckmin defendia prévias para escolher o candidato, mas isso, era quando não tinha maioria.
Agora tem Arthur na disputa.
E se algo ocorre e Arthur ganha?
…NO MEIO DO CAMINHO
Há Serra, candidato a alguma coisa (pode sair pelo PSD de Kassab).
Há os partidos aliados a Alckmin que o apoiariam, mas queriam retribuição na eleição estadual.
Se não ganharem o apoio tucano, não faltará quem o dê.
Tucanos, enfim, como sempre: brigando a bicadas mas incapazes de voar longe.
Fernando Henrique voa longe. Mas ninguém aprendeu com ele.
DEMOCRACIA VERMELHA
O deputado petista Paulo Pimenta mandou deter a militante Carla Zambelli, do Nas Ruas.
Carla queria entrevistá-lo, ele a mandou trabalhar, ela disse que estava trabalhando e não roubando como ele.
Ele mandou a Polícia Legislativa prendê-la.
Quem é Paulo Pimenta, além de chefe de policiais legislativos prendendo cidadãos de quem discorda?
Sim, é o petista fotografado por Júlio Redecker quando entrava no carro de Marcos Valério, controlador do Mensalão.
Pimenta é chamado de “Montanha” pela Odebrecht e é inimigo de Sérgio Moro.
“Montanha” – por que será?
O CALDEIRÃO...
Por que Luciano Huck anunciou que não seria candidato, justo quando, segundo o Estadão, crescia seu caldeirão de votos?
É provável que nunca tenha tido a real disposição de disputar, a menos que houvesse uma avalanche de adesões.
Alguns anos atrás, uma respeitada senhora do Interior paulista, força notável na política da cidade, era pressionada a candidatar-se.
Esse colunista, consultado, foi contra: a senhora comandava as principais entidades de classe e era mais poderosa que o prefeito.
Para que se candidatar?
Perderia o status de unanimidade e entraria no moedor de carne das campanhas eleitorais.
Mas que diriam dela, de conduta tão transparente?
Insisti: se nada encontrarem, inventam.
Mas que poderiam inventar contra ela?
Sugeri: vão dizer que o filho dela é pai solteiro.
Silêncio na sala: era.
Já se faziam os exames.
Desistiram da candidatura.
…DO HUCK
Imagine-se na situação de Huck, astro da maior rede de TV do Brasil, rico por si próprio, rico de família, um ídolo ligado a programas “do bem”.
É bem educado, forma um casal de anúncio de margarina com uma moça que também é ídolo.
Entrar numa campanha para ser xingado todos os dias, com denúncias, esculachos, armações?
Melhor emprestar seu prestígio a um candidato de sua confiança, para quem contribuirá, a quem referendará.
UM É...
O candidato do Partido Novo, João Amoêdo, com plataforma liberal (é favorável, por exemplo, à venda de todas as empresas estatais), informou ao site O Antagonista que atingiu 1% das intenções de voto.
Amoêdo, oriundo do sistema bancário, se propõe a pagar a maior parte das despesas de campanha com seu próprio dinheiro e o dos companheiros de chapa.
…OUTRO NÃO
O senador brasiliense José Antônio Reguffe, do Livres (ex-PSL), disse ter sido convidado a disputar a Presidência pelo partido, mas recusou, por ter o compromisso de terminar o mandato – que acaba em 2023.