Mas o que quer o PSDB? 06/12/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Mas, afinal, o que quer o PSDB?
Essa é mais difícil do que a pergunta feita por Freud sobre o que queriam as mulheres, rsss.
Em nenhum momento, é importante que fique claro, o partido acenou com a possibilidade de contribuir com seus 46 votos à reforma da Previdência.
PUBLICIDADE
A entrevista que o ministro Henrique Meirelles concedeu à Folha, na qual disse que Garaldo Alckmin não contará com o apoio do governo, levou alguns tucanos a fazer beicinho com o bico.
Bem, esperavam o quê?
Ontem, terça, o próprio presidente Michel Temer foi instado por jornalistas a falar a respeito e, parece-me, disse o óbvio.
O ministro da Fazenda não foi agressivo.
Teria feito uma análise que ele chamou de “sociológica”.
Tucanos hortelões, bons de plantação, espalharam a versão de que a fala de Meirelles tornou ainda mais difícil o apoio dos tucanos à reforma da Previdência.
É mesmo?
Ele era fácil antes?
Quase metade da bancada votou para derrubar o presidente duas vezes, num movimento irresponsável de oposição ao governo que tinha, entre outros objetivos, afastar-se do tema “reforma da Previdência”.
Se o PMDB e alguns partidos da base podem dar a cara a tapa para defender a mudança, por que o PSDB não pode fazer o mesmo?
Alguém poderia responder:
“Porque não é mais um partido da base…”
Bem, o desembarque pleno não aconteceu ainda.
Mesmo que aconteça, eis a pergunta necessária: e aquela conversa de não precisar ser da base para atuar em favor do Brasil?
Não consigo encontrar uma boa resposta para que o PMDB e outros partidos que apoiam Temer marchem unidos com Alckmin.
Notem: não estou dizendo que é um mau candidato ou que não tenha chance de crescer.
É um nome, vamos convir, ainda a ser construído.
Não é preciso ser bidu para intuir que os números da última rodada do Datafolha não são exatamente entusiasmantes, não é mesmo?
Muito pelo contrário.
Com Lula na disputa, as chances de o tucano chegar ao segundo turno parecem, vistas daqui, bastante remotas.
Sem o petista — mas se ignorando quem seria seu ungido —, sua melhor marca é 12%, empatado com Ciro Gomes (PDT), com 13%.
Em uma das simulações, o outro homem nascido em Pindamonhangaba, mas cearense por origem e criação, aparece com 12%, e o governador de São Paulo, com máquina incomparavelmente maior, com 9%.
O que justifica essa tentação hegemônica do PSDB, além de nada?
João Doria, que, imaginavam alguns — e talvez o próprio prefeito —, poderia ser um bom caça-votos para Alckmin na disputa pelo governo de São Paulo está às voltas com uma crise de confiança do eleitorado paulistano.
E não duvidem: essas coisas se espraiam e contaminam outras áreas do Estado.
Qualquer um que fizesse até outro dia uma leitura objetiva do quadro eleitoral entenderia que Alckmin era o nome certo a, vamos lá, empunhar a bandeira do chamado “centro”.
O bom senso recomendaria não perder o PMDB de vista, com o poder que essa legenda tem de atrair outras.
Mas, ninguém consegue entender por quê ou atendendo a que desígnio, parte dos tucanos resolveu se comportar como oposição ao governo federal.
E, não custa notar: a um bom governo.
Numa eleição em que qualquer vinte e pouquinhos pontos pode pôr o sujeito no segundo turno — e isso implicaria terceiro e quarto lugares a dois ou três pontos do segundo —, optar por uma estratégia que isola a sigla em vez de ampliar o escopo de alianças parece coisa de doido.
Sei lá se é possível rever, a esta altura, a estratégia.
No caso, claro!, de haver uma estratégia.
Chamem os cabeças pretas e ocas para dar uma sugestão.