2018 será turbulento, diz Lula 08/12/2017
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República duas vezes, luta para conquistar o posto pela terceira vez.
E o faz à moda lulista, com um pé no radicalismo e outro no acordão com aqueles que tratava até anteontem como inimigos.
É claro que conservará alguns na cota do ódio porque, afinal, ao se definirem os adversários, também se estabelece uma identidade.
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É isso que, até agora ao menos, numa atuação destrambelhada, sem eixo, os tucanos não entenderam.
Na quarta, ao discursar para alunos do Instituto Federal, na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio, o petista falou algo que, entendo, ficou no meio tom entre a constatação e a ameaça.
Pensando bem, acho que foi ameaça mesmo.
Disse o chefão petista:
“Se preparem. 2018 será um ano turbulento”.
Turbulento por quê?
Então é necessário que a gente pergunte quem é que vai compor a turba.
Só posso entender que Lula está falando de seus próprios aliados, uma vez que não se notam sinais de confronto em lugar nenhum.
Aqui e ali, um bolsonarista ou outro mais exaltados podem tentar mostrar seus músculos de caricatura de integrantes do Village People, mas parece que isso ainda não caracteriza turbulência.
Mesmo quando se dispõem a caçar pedófilos em museus, com aquele crânio inteligente e olhar sempre agudo, ainda assim, creio, não se pode falar em “turbulência”.
Desde a redemocratização do país, diga-se, todas os atos públicos que degeneraram em violência foram protagonizados pelas esquerdas, sem exceção.
Faltassem outras evidências, há as jornadas em favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Milhões foram às ruas sem que se registrasse um único incidente, nada.
Não se queimou uma lixeira. Não se jogou um coquetel molotov, não se depredou uma agência de banco.
E a razão era escandalosamente simples, não?
Tratava-se de movimento em favor da ordem democrática, não contra ela.
Desde os atos violentos de junho de 2013, com os quais o PT flertou abertamente na suposição de que estaria cercando a direita, não houve “protesto” — e se coloquem aí todas as aspas a indicar o sentido impróprio de uma palavra — que não contasse com os black blocs na vanguarda.
Com o tempo, os esquerdistas desenvolveram até um método cínico, que acabou sendo comprado pela imprensa como se verdade fosse: no palanque, os líderes anunciavam:
“O protesto acaba aqui. Estamos pondo um fim oficial ao ato”.
Tratava-se, na verdade, de uma espécie de senha.
Era o mesmo que dizer: “Vândalos, agora é com vocês”.
Eu me lembro do noticiário de TV, da Globo, em particular, que já havia aderido ao politicamente correto de viés fascistoide, a repetir a fórmula:
“O protesto seguia pacífico, mas, depois de encerrado, os vândalos…”
Daquelas lideranças de esquerda, nunca ninguém arrancou uma palavra contra os mascarados.
Eram parceiros.
Ocorre que a armação, que era para intimidar governadores considerados “de direita” — e lembrem-se de que começaram a patrocinar a violência para valer em São Paulo —, acabou saindo pela culatra.
No começo de junho de 2013, Dilma tinha 57% de ótimo e bom; na última semana, apenas 30%.
Era o início da derrocada.
Assim, de saída, digo ao companheiro Lula: não aposte na desordem porque, por óbvio, ela há de cair no seu colo.
Para todos os efeitos, 81% rejeitam o governo Temer — índice que vai mudar, podem apostar —, mas a única movimentação que se vê nas ruas é a das pessoas fazendo compras de Natal, que deve ser mais animado neste ano.
Só as esquerdas podem apostar na turbulência.
E, ao fazê-lo, o tiro pode, uma vez mais, sair pela culatra.