HÁ ESPERANÇA 01/01/2018
- JOSÉ MAURICIO DE BARCELLOS*
Eis que chega um novo ano. Bem-vindos sejam para a Nação Brasileira os dias de 2018. Ao longo deste ano que se foi vimos e passamos por situações incríveis. Coisas de que, como se diz, até Deus duvidaria.
Todavia o Brasil não é isso que entristece, que envergonha e humilha o cidadão de bem. O Brasil é um imenso contingente de almas livres e cheias de esperanças.
Um dia disse um dos sete sábios da Grécia Antiga, o filósofo, matemático e engenheiro turco, Tales de Mileto: “A esperança é o único bem comum a todos os homens; até os que já nada possuem a possuem ainda”.
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O verde da esperança que ocupa o maior espaço da nossa bandeira acabou por indicar que aquela é a grande característica da brava gente brasileira e revela, também, seu pendor mais marcante.
Mesmo a pequena parcela de nossa sociedade de ricos e abastados, conquanto pouco tenha para almejar, igualmente espera, ainda que por pura ganância, e os mais necessitados que compõe sua grande maioria, estes sim somente a fé e a esperança os alimentam.
É isso mesmo e pouco me importam as explicações, justificativas e as eruditas propostas daqueles que tramam e urdem para que tudo afinal fique como está, isto é, falando francamente: para que o rico com seus dinheiros aqui e no exterior e inabaláveis posições sociais permaneçam garantidos pela ordem constituída; para que os Príncipes e Mandarins da máquina pública, donos vitalícios dos privilégios e das benesses, continuem amparados pelo sistema, criado por eles mesmos; para que a banca e as sanguessugas da riqueza nacional sigam dominando as grandes fortunas e as melhores oportunidades no País e, por sua vez, para que a imensa massa daqueles que lutam para sobreviver e realmente produzem não tenham alternativas senão recolher as sobras e às vezes nem estas.
A esperança dos ricos e dos abastados, ainda que exista, não representa para eles a grande razão de vida e muito pouco lhes aflige, em face da certeza que possuem da irreversibilidade de suas situações.
A esperança dos desvalidos e da classe média que pagam a conta daqueles privilegiados é indispensável e dela carecem como do ar para respirar.
Por causa disso tudo suportam e, desde 1500, esperam pacientemente. É desse jeito. Em um País que nunca foi a terra da oportunidade para todos, a esperança é o que resta. Reparem se não é assim.
Desde o tempo do Império a elite prometeu ao povo a liberdade. Demorou muito, mas ainda que a fórceps aboliu a escravatura.
Passados quase cento trinta anos, os cativos de antes – primeiro só negros e agora negros e brancos – ainda penam nas mãos dos sanguinários malfeitores nas comunidades e nas palafitas que vieram substituir os antigos feitores e os capitães do mato.
A miséria e as valas negras da antiga senzala são as mesmas ou talvez piores das que agora são encontradas nos locais onde eles moram, e as correntes de ferros que os aprisionavam à degradação e ao horror apenas foram substituídas pelas bolsas esmolas engendradas pelos populistas canalhas da esquerda perversa e sorrateira.
A tudo tem resistido essa pobre gente porque sonha e espera que um dia possa viver condignamente.
O País cresceu, sobretudo pelas mãos e com o enorme esforço de seu povo trabalhador dos campos e das cidades.
Os oligarcas da impostura, donos absolutos da máquina pública de conluio com os negocistas da miséria alheia, àqueles sempre iludiram com promessas de justas remunerações e suficientes retribuições pelo muito que pagam a titulo de tributos.
Até o dia de hoje essa gente esperou para receber o mínimo necessário para prover a própria mantença, porém muito pouco ou quase nada alcançou.
Continuam esperando.
O Brasil, pobre embora, tornou-se um país conhecido e admirado por conta de sua classe média que, inobstante a origem humilde estudou e se aperfeiçoou para que tivéssemos algo de respeitável perante a Comunidade das Nações.
O ódio da esquerda perniciosa e delinquente contra a classe média – tornado público pelas declarações histéricas de uma farsante da USP e guru do PT – aliado a um populismo ignóbil e inculto, promoveu nas últimas décadas a mais fantástica inversão de valores que já se viu numa sociedade contemporânea.
Está sendo difícil vencer tal situação, mas o ocaso e a iminente prisão do “Analfa de Garanhuns” renovam a esperança do cidadão de bem.
O povo de um modo geral, com desalento e contida revolta, aguarda esperançoso o fim da exploração dos poderosos que varia desde o perverso lucro dos banqueiros até o injusto e irreal preço do mínimo que se pode consumir para viver.
Nossa gente vem engolindo a seco tudo isso e muito padece quando, por exemplo, a mídia livre da rede mundial de computadores alardeia o que ocorre nos países desenvolvidos onde o Estado não é o grande rufião da sociedade e o capital especulativo seu maior algoz.
À vista do que ocorre com o Supremo Tribunal Federal tenho para mim que nossas instituições faliram e a classe dominante apodreceu e gangrenou de tal forma que a única esperança reside na ruptura total acompanhada pela profilaxia aplicada aos três poderes da República de forma que reabilite o Brasil como Nação verdadeiramente livre e democrática.
As eleições de 2018 não são em absoluto a solução almejada, porque é justamente com ela e por causa dela que os patifes de sempre se encarregarão de manter tudo como aí está e todos os corruptos nos mesmos lugares.
Entretanto já ouço os ecos de uma enorme e inevitável reviravolta porque o brasileiro de todas as camadas sociais, do norte ao sul do País, no fundo de seu coração não acredita e não confia mais na corja encastelada no executivo, no legislativo e no judiciário que o mantém prisioneiro do atraso e da pobreza.
Esperemos por esses novos dias que virão certos de que, como disse o poeta das Repúblicas Guerra Junqueiro: “Em tudo que alvorece há um sorriso de esperança”.