Acordo Lula/Bush terá poucos resultados concretos 10/03/2007
- Agência Estado
O acordo assinado ontem terá poucos resultados concretos, especialmente pelo fato de as tarifas de importação de etanol pelos Estados Unidos terem ficado fora da agenda. Mesmo assim, os empresários e especialistas brasileiros gostaram de ter George Bush como garoto-propaganda do etanol.
¨Não vai ser desta vez que os Estados Unidos vão reduzir a tarifa de importação do etanol e abrir mais o mercado para o Brasil, como deveriam¨, diz Marcos Jank, presidente do instituto de pesquisas Ícone. ¨Mas pelo menos o acordo chama a atenção do mundo para o programa brasileiro.¨
Para Fernando Ribeiro, secretário-executivo da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), Fernando Ribeiro, ¨o memorando é extremamente protocolar e a redução das tarifas não estava na agenda, mas colocou o etanol brasileiro no mapa internacional.¨
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O acordo tem três pontos básicos. Ele prevê a cooperação entre Brasil e Estados Unidos para desenvolvimento tecnológico, a adoção de padrões técnicos comuns para permitir a negociação internacional do etanol e a difusão da tecnologia para outros países, principalmente na América Central e Caribe.
Na prática, o acordo não reduz tarifas de importação nos EUA, não abre novos mercados nem traz investimentos ao País. Pode até criar uma nova concorrência às usinas brasileiras, caso a parte do documento relativa à América Central e ao Caribe reduza tarifas para exportação aos EUA.
¨Não é negócio para um produtor brasileiro deixar de investir no Brasil, onde já temos a tecnologia e boas condições no campo, para montar usinas na Nicarágua ou em Honduras¨, diz Ribeiro, da Única.
Para Maurílio Biaggi, presidente da usina Moema e integrante do Conselho Econômico e Social, o acordo é um ponto de partida. ¨É a primeira vez na história que um presidente americano vem ao Brasil fazer uma agitação dessas. O acordo está na pista, se vai decolar ou não, é questão para o futuro.¨
Marcos de Oliveira, presidente da Ford do Brasil, diz que a iniciativa de Bush é ¨bastante positiva¨ porque chama a atenção para o modelo brasileiro bicombustível. ¨Obviamente, é bom ter um parceiro como os EUA.¨ Segundo José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM do Brasil, a visita de Bush ¨colocou o tema etanol na boca do mundo¨.