Datafolha registra o desempenho pífio de paraquedistas como Huck e Barbosa 31/01/2018
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Ora, ora, ora… Com ou sem o petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, o desempenho dos chamados “outsiders” é pífio.
O que aparece em melhor situação é Luciano Huck. Dada a sua presença na televisão, nem seria de esperar outra coisa. Mas o desempenho é modesto.
Sem o ex-presidente, acontece o óbvio: Jair Bolsonaro lidera a disputa com 18% a 20% dos votos, patamar em que empacou, é bom notar.
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Atenção para um dado: nas simulações em que Lula não aparece, o ganho de Bolsonaro se dá dentro da margem de erro.
Ele vai para a primeira colocação só porque o petista não está na lista, não porque tenha um acréscimo significativo de votos.
Muito bem! Sem Lula, quem disputaria o segundo lugar, indo para o turno final, se a eleição fosse hoje?
Aliás, cumpre comemorar: ainda bem que não é. Tem-se uma embolada.
Em dois cenários irrealistas porque sem Marina Silva (Rede), e ela será candidata em qualquer caso, Ciro Gomes (PDT) aparece com 12% ou 13% dos votos, em empate técnico com Geraldo Alckmin (PSDB), com 11%.
Numa simulação em que aparece o nome de Luciano Huck — que, acho, não vai disputar —, Marina fica com 13%, seguida por Ciro, com 10%. O apresentador surge com 8%, em empate com Alckmin.
O prefeito João Dória, a julgar pelos números, deixou de assombrar a pré-candidatura do governador de São Paulo.
Numa simulação bastante plausível caso fosse ele o candidato tucano, Marina alcançaria 16%, seguida por Ciro, com 12%. Álvaro Dias, do Podemos, figuraria com 6%, e Doria, com apenas 5%.
Aliás, quando Lula aparece na lista, ele marca apenas 4%.
Já aqui uma primeira conclusão: o prefeito de São Paulo, se quiser mesmo disputar a eleição, terá de concentrar seus esforços no embate pelo Palácio dos Bandeirantes.
E as simulações de segundo turno quando Lula está fora da disputa?
Bem, é de trincar catedrais… Alckmin e Ciro ficariam tecnicamente empatados, com, respectivamente, 34% e 32%. Em setembro, a diferença era de 37% a 29%.
Marina imporia uma boa distância a Bolsonaro: 42% a 32%, mas ela já foi bem maior; há quase cinco meses, o placar era de 47% a 29%.
Também haveria um empate técnico entre o tucano, com 35%, e o militar reformado, com 32%.
Não é um quadro que deva levar as pessoas de bom senso a soltar rojões.
OUTSIDERS
Conheço poucos assuntos tão aborrecidos como essa conversa de “nova política”. No mais das vezes, não passa de uma cascata levada adiante por caras novas com métodos velhos.
O caixa dois deu lugar ao financiamento secreto. Está cheio de gente por aí incapaz de revelar os respectivos nomes dos, como é mesmo?, “senhores que os ajudam”.
No livro “Gabriela”, de Jorge Amado, os coronéis faziam o mesmo com as moças do Bataclan: tudo por baixo dos panos. É uma profissão antiga.
A Lava Jato, como a gente vê, fulminou lideranças do centro político e revigorou Lula, mas, a população, por enquanto, não comprou os paraquedistas da política.
Vamos ver o que vai acontecer no Congresso.
Sem Lula, Joaquim Barbosa aparece com 5% das intenções de voto; com o petista, repete essa marca ou coisa pior: 3%.
Dado que ele e um desses surfistas do moralismo tosco que tomou conta do debate — favor não confundir com a moral! —, o resultado beira o ridículo.
Será que Luciano Huck faz ferver o caldeirão?
Quando Lula disputa, o apresentador empata com Alckmin em 6% ou pode ficar ainda abaixo: 5%. Com o petista expulso do certame, ambos ficam em 8%.
Sim, esse empate vai render alguma dor de cabeça ao governador de São Paulo. Logo vão começar a falar em potencial de crescimento etc e tal.
Bem, eu continuo a achar que é maior o potencial de quem sabe fazer articulação com os partidos políticos — vale dizer: Alckmin.
Mas isso não quer dizer que a situação seja confortável.
Com ou sem Lula, em suma, o tal nome do “centro” ainda não se firmou.
"ABALO"
Os idiotas de todos os matizes (de direita, de centro, de esquerda), de todos os trajes (esportivo, social, toga ou de adolescentóide meio velhusco, com retardo moral, a brincar de “nova política”…), de todas as profissões — e isso inclui o jornalismo — estão brincando com fogo, sim.
E esse é um bom modo de se queimar.
Notaram como Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o redutor de todas as questões do país?
Não se discute mais nada que não tenha como referência a figura de… Lula!
É um espanto.
Até a ministra Cármen Lúcia, num lance de primarismo que só pode ser explicado pela falta de vivência política, pelo provincianismo intelectual e pela arrogância derivada dessa perspectiva apequenada resolveu fazer digressões sobre a pauta do STF tendo, ora vejam, o petista como referência, não é mesmo?
E vem o Datafolha.
Para surpresa de ninguém, ou só dos tontos, Lula — ele mesmo! — conserva o seu poder de fogo eleitoral.
Não há brasileiro que não o conheça e que não saiba que “ozômi” lá mantiveram por unanimidade a sua condenação, que aumentaram a sua pena e que o querem em cana.
Não obstante, seu potencial eleitoral segue praticamente o mesmo.
Segundo pesquisa divulgada nesta quarta, se a eleição fosse hoje, ele teria entre 34% e 37% dos votos.
Nos cenários em que o nome do ex-presidente é testado, Jair Bolsonaro continua em segundo, variando de 16% a 18%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
O suposto arranhão ao prestígio de Lula pode ser ficção.
Seus índices, em simulações de segundo turno, variaram dentro da margem de erro.
Comparem-se os dados desta pesquisa de agora com os relativos àquela divulgada no dia 4 de dezembro do ano passado.
O petista vencia o tucano Geraldo Alckmin por 52% a 30% — agora, por 49% a 30%.
Batia Marina Silva, da Rede, por 48% a 35%; desta feita, 47% a 32% — a diferença até pode ter aumentado, passando de 13 pontos para 15 pontos.
Os 51% a 33% contra Bolsonaro seriam agora 49% a 32%.
Na pesquisa publicada no começo de dezembro, a rejeição ao ex-presidente era de 39%; agora, é de 40%.
O que esperam que eu diga?
Hoje, não é apenas o PT a fazer campanha eleitoral em favor do ex-presidente.
Também há o juiz Sergio Moro, os procuradores buliçosos da República, a direita xucra, o antipetismo asinino, o TRF-4, com sua votação concertada — com “c” — mal disfarçando que aquela unanimidade raramente se produziu em dezenas de outros julgamentos; a celeridade de um magistrado do STJ ao negar um habeas corpus.
Não chegarei a dizer que o homem nem teve tempo de ler, é claro!
Uma coisa me parece certa: não teve tempo de ponderar, ainda que fosse para negar.
É evidente que se trata de uma cascata autoritária, e ainda voltarei ao assunto, esse negócio de que eleição sem Lula é, por si, ilegítima porque, afinal, ele representaria a vontade de milhões de eleitores.
Fosse por esse critério, a gente poria fim ao direito penal e reduziria tudo à Justiça eleitoral.
Mas convenham: as mulheres e homens de Estado não estão ajudando, não é?
Começa a parecer verossímil, embora seja falso, que tudo não passaria de uma trama para tirar Lula da eleição.
Não vejo como Lula possa disputar o pleito de 2018. A menos que a Justiça Eleitoral decidisse passar por cima da Lei da Ficha Limpa.
E, ainda assim — o desdobramento é controverso —, entendo que restaria um último apelo ao STF.
E creio que Lula perderia.
Mas é claro que o PT o manterá candidato, como já afirmei aqui muitas vezes, até para que possa operar a transferência de votos.
Lula sofreu um pequeno abalo nesse quesito.
Na pesquisa anterior, 48% diziam não votar de jeito nenhum num candidato que tivesse seu apoio. Agora, são 53%. Votariam com certeza em alguém indicado por ele 27% — na pesquisa divulgada em dezembro, eram 29%. Poderiam fazê-lo 17%; antes, 21%.
Sérgio Moro exibe praticamente a mesma influência negativa e positiva: rejeitariam alguém com o apoio do juiz 50% dos entrevistados; seguiriam a sua orientação 25%, e poderiam fazê-lo 22%.
Para encerrar este post: apostaram que a condenação de Lula por Sérgio Moro poria a tampa no caixão.
Não aconteceu.
Depois se declarou que Lula estava morto e enterrado em razão das denúncias de Antonio Palocci.
Não aconteceu.
Desta vez, a corda teria sido puxada pelo TRF-4.
Não aconteceu de novo!
Agora, os tontos torcem para que venha a prisão…
ALCKMIN ESTACIONADO
Vem aí um ataque especulativo à pré-candidatura do tucano Geraldo Alckmin — e, reitero, desta feita, não será o nome do João Doria a assombrá-lo.
O prefeito já não é uma alternativa ao governador na disputa presidencial, mas o agora presidente do PSDB, como se nota, segue empacado no patamar dos 7%, segundo pesquisa Datafolha, quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva está na lista e dos 10%/11% quando não está.
No segundo turno, aparece em empate técnico com Ciro Gomes (PDT) — 34% a 32% — e Jair Bolsonaro: 35% a 33%.
As eleições ainda estão longe, sim, e o cenário eleitoral tende a mudar.
Caiu um pouco o potencial de transferência de votos de Lula, segundo o Datafolha, mas ainda é alto o percentual dos que dizem que votam com certeza (27%) ou poderiam votar (17%) num candidato indicado pelo chefão petista.
Hoje, isso seria suficiente para pôr um ungido seu no segundo turno.
Logo, o fortalecimento de um nome do “centro” segue um tema importante para quem repudia a ideia de uma disputa ente um petista e Bolsonaro.
Alckmin tem o desafio de demonstrar: “Esse cara sou eu”.