POR QUE NÃO FHC? 05/03/2018
- JOSÉ MARIA COUTO MOREIRA*
O Brasil, como sempre acontece na antevéspera dos pleitos presidenciais, anda tonto. Procuram candidato daqui e dali, propõem soluções bombásticas, novidades outras, homens de nosso picadeiro, palhaços, enfim, nomes que vão do ridículo atroz, passam pela comédia e atingem as alturas messiânicas.
Neste preâmbulo eleitoral já nos cansamos. Interrompamos esta nossa sofreguidão e vamos de FHC.
Por quê?
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Está com 86, sim, mas esboça aquele mesmo sorriso de aeromoça, segundo a classificação antológica do saudoso baiano Antônio Carlos Magalhães.
É sua marca de homem tolerante, não guarda ressentimentos nem protagoniza hostilidades.
Eleitoralmente, Fernando Henrique parece ser nome de consenso no PSDB, visto que tucanos de maior plumagem não o recusariam.
O PSDB unido já é um passo de gigante rumo à presidência. E seu telhado, já testado, não é de vidro, o que cerca a opinião pública de surpresas constrangedoras.
Ainda mais agora, já casado com Patrícia Kundrát, a quem Fernando Henrique entregou-se.
O presidente tem sua governanta, que conduz o marido com disciplina e com mimos, cuida de sua alimentação balanceada, da malhação periódica, de sua agenda, de sua vida social.
Não é uma parceria à moda francesa (a influência europeia é forte em FHC), houve cerimônia civil, contratual, formal, na presença dos filhos.
O pessoal de apoio do Planalto teria, hoje, menor ocupação, com certeza.
Mas, voltemos ao argumento (de alguns) de que sua idade avançada o impediria.
FHC completaria 87 já no governo (junho), que deixaria com 91.
Ora, desde que a notável cientista doutora Aslan acordou os idosos para os cuidados preventivos para alcançarem triunfalmente a terceira idade, Fernando Henrique há muito se submete a seus aconselhamentos.
Dir-se-ia que FHC é o nome que reúne muitas exigências para o nosso momento.
É intelectual que lê e que pensa, é homem que preza hábitos singulares, sem exibicionismos, é respeitado e ouvido nos salões internacionais, e vacinado contra esta erva daninha que se enraizou na cultura político-administrativa brasileira, a corrupção.
Aliás, sempre foi de conciliar suas contas (é chamado por alguns de pão duro).
Lembram-se de quando (despachando no Planalto), o fotógrafo oportunista o flagrou com um pé de meia furado?
É assim Fernando Henrique, na vida pessoal e na política.
Timbrado em exílios, Fernando é homem que conhece da planície à montanha, conhece a condição humana.
É conciliador (e como precisamos de um conciliador!), não atira-se aos postulados da esquerda, é um liberal na política e na economia.
Muitos mandatários exerceram suas obrigações na senectude.
Escolher Fernando Henrique é decidir por um período de tranquilidade política e de convivência respeitosa entre instituições.
Seu passado político é o nosso penhor de uma administração operosa, instada ao equilíbrio fiscal (mesmo seu fortalecimento), pois não fora sua iniciativa de propor um sistema de equilíbrio fiscal como o fez, o país estaria hoje em grave deriva, ou mais, em frangalhos.