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Curto&Grosso O que ainda será manchete

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A quem interessa o crime?
15/03/2018 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

A vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio, foi brutalmente assassinada na noite desta quarta na rua Joaquim Palhares, no Estácio, Zona Norte.

Pelo menos 10 tiros foram disparados contra o carro em que estava. O motorista, Anderson Pedro Gomes, também morreu. Uma assessora que a acompanhava, embora atingida, escapou com vida.

Não há evidência de que tenha havido uma tentativa de assalto. As características do evento apontam para uma execução.


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Todas as considerações que farei neste texto não devem perder de vista uma evidência: Marielle e Anderson são as vítimas.

A primeira pergunta que se deve fazer — e, infelizmente, o próprio PSOL e o PT já se entregam a uma exploração política asquerosa da tragédia — é a seguinte: a quem interessa essa tragédia?

A resposta é simples: àqueles que estão tendo seus negócios atrapalhados pela intervenção federal.

Isso é de uma clareza inquestionável.

E quem repudia a ação no Rio?

Além dos esquerdistas — e Marielle era uma delas —, contam-se os traficantes, a banda podre da polícia e as milícias.

Vale dizer: as expressões do Estado paralelo que ainda dominam a cidade precisavam de um evento forte o bastante para ver se conseguem criar uma onda de opinião: “Ah, essa intervenção é inútil”.

Qualquer indivíduo razoável logo chega à conclusão de que tal ousadia homicida só reforça a necessidade da intervenção.

E as esquerdas, como razoáveis não são, já estão a concluir o contrário.

Marielle é uma das estrelas daquele vídeo moralmente doloso contra a intervenção, produzido pelo tal “Coletivo 342”.

Afirma ela:

“Os favelados e as faveladas sabem exatamente o que é ter o direito à segurança pública negado. A ponta do fuzil, o barulho do tanque, as violações de direito, seja pela Força Nacional, com os seus fuzileiros, ou paraquedistas na Maré, exemplificou bem isso. Uma política cidadã, um processo de enfrentamento que seja um processo de enfrentamento não pelo fuzil, mas pelo lápis, é fundamental. Para isso, um plano nacional, estadual, que dê direitos a esses moradores, é fundamental”.

Infelizmente, a assassinato de Marielle evidencia quão errada estava a sua análise, que reproduz a de deu partido.

De saída, note-se que nem ela nem seus companheiros de vídeo atacam o narcotráfico ou mesmo as milícias.

Os alvos são as forças oficiais de segurança.

Ela insiste no erro clássico das esquerdas de confundir pobreza com crime e de achar que a repressão à bandidagem pode ser substituída pelo lápis.

Obviamente, Marielle não estava reconhecendo quem era, de fato, o inimigo.

Mas o inimigo sabia muito bem quem ela era.

Na terça, com a ligeireza que as esquerdas costumam ter ao atacar pessoas e instituições, ela escreveu no Twitter:

“Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”

Notem: não havia e não há ainda nenhuma evidência de que o tal rapaz tenha sido morto pela Polícia ou que a ocorrência esteja relacionada à intervenção, mas é essa a ilação evidente que vai em seu texto.

Não descarto que, ao indagar “quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe”, ela tenha se colocado na alça de mira do crime organizado.

Não!

Isso não a torna responsável pela própria morte: isso passou a fazer dela, ainda mais do que antes, um alvo preferencial porque, por óbvio, a repercussão seria, como está sendo, gigantesca.

É compreensível que se cobre da Polícia e da força interventora todos os esforços e dedicação possíveis para chegar aos autores desse desatino.

Não custa lembrar, no entanto, que o Estado que está sob intervenção, na sua área de segurança, abrigou em 2016, em números já consolidados, 5.300 assassinatos.

A esmagadora maioria segue sem autoria identificada.

Caso não se chegue aos responsáveis pela morte de Marielle, isso não será exceção, mas regra.

Qualquer pessoa decente lamenta, e lamenta profundamente, que isso tenha acontecido.

Há a tragédia humana em si.

Há a dor dos familiares e amigos.

E há também o potencial vil de exploração política do episódio, que já está em curso.

É até possível que, sem a intervenção, os criminosos deixassem Marielle em paz.

Outros negros e negras, no caso anônimos, continuariam a ser mortos, como vinham sendo, sem reação do poder público e, lamento dizer, sob o silêncio cúmplice dos esquerdistas que agora fazem barulho.

Os companheiros de luta de Marielle deveriam pôr a mão na consciência e refletir se o caminho que escolheram, que demoniza a intervenção e poupa os criminosos, é o mais seguro.

Porque, reitero, uma coisa é certa: quem matou a vereadora quer as forças interventoras fora do Rio.

Como querem o PSOL e o PT.

No vídeo doidivanas do tal Coletivo 342, uma fala tem potencial especialmente perigoso, sem que se saiba direito para que lado: a do humorista Gregório Duvivier.

Sem que se conhecessem ainda ações das forças de intervenção, que nem haviam começado a atuar, diz o rapaz:

“Eu sei que parece que pior que tá não pode ficar. Alguma coisa, de fato, precisa acontecer”.

A fala é genérica, irresponsável, irrefletida, um tanto apocalíptica.

“Alguma coisa” é, no caso, sinônimo de “qualquer coisa”.

E ele pede que seja “de fato”!

Gregório diz que a tal “alguma coisa”, vejam vocês, “precisa acontecer”.

É um imperativo!

O quê?

Parece pregar alguma forma de ação direta.

Com um pouco só de cultura religiosa, mesmo sem crer, em substituição a seu anticristianismo rastaquera, já vazado em vídeos, Duvivier aprenderia ao menos uma metáfora:

“O demônio também ouve nossas orações. Cuidado com elas!”

No dia em que esse rapaz estudar um tantinho mais o pensamento que serve de referência às suas escolhas ideológicas, ainda que não saiba disso, talvez cruze com uma expressão de Karl Marx, a saber: “árvore dos acontecimentos”.

Não! Marx não acredita em eventos caídos da “árvore dos acontecimentos”, mas apenas em ocorrências motivadas.

Não existe, para ele, “alguma coisa”.

Não existe “qualquer coisa”.

E, vejam vocês, alguma coisa, afinal, aconteceu.

E não foi qualquer coisa.

Uma personalidade que lutava com muita energia contra a intervenção no Rio — que tem atingido os negócios dos traficantes, das milícias e da banda podre da Polícia — foi assassinada.

Coloque, por difícil que seja, leitor, a sua cabeça no “modo traficante, milícia ou polícia bandida”: se você pretende que “alguma coisa” aconteça contra a intervenção e se está disposto a matar por isso, vai escolher como alvo alguém a favor da ação federal ou contra ela?

A resposta óbvia é aquela que os criminosos deram na noite desta quarta.

Alguém concluiu, com aquele senso prático cru, sanguinolento, impiedoso, desconhecido dos humoristas da Zona Sul, dos artistas do Projaquistão e dos socialistas e socialites com cobertura de frente para o mar: “Alguma coisa, de fato, precisa acontecer”.

É claro que não estou responsabilizando aquela gente tonta, Gregório e seus pares, pelo assassinato de Marielle.

Os culpados são os que a mataram.

O que estou dizendo é que também eu vejo com suspeição a mera “árvore dos acontecimentos”.

Há uma cultura e um conjunto de valores com os quais os eventos se relacionam ao menos.

Entendê-los é fundamental.

Quem sabe Caetano Veloso e seus bobocas amestrados percebam que o que se passa no Rio não é coisa para ligeirezas, não é só “um jeito de corpo”, não é mera questão de adesão a um estilo de vida.

Os bandidos contrários à intervenção no Rio, pertençam eles a esse ou àquele grupo, matam.

E, contra eles, até agora, o Coletivo 342 não disse uma única palavra.

Seus inimigos são aqueles que os assassinos de Marielle também querem ver longe do Rio.

Afinal, “the business must go on”.

Além do show dos idiotas e irresponsáveis.


  

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