Lula convoca e eu aceito: sou o candidato do PT 14/04/2018
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Caras e caros,
Eu mesmo pretendia fazer o anúncio, mas vejo que terei de me readaptar à vida partidária. Como deixei o PT em 1982 e, depois, não me filiei mais a partido nenhum, andava esquecido de como são as coisas.
Alguém da cúpula vazou a informação para “The Piauí Herald”, e agora está no mundo: Lula decidiu lançar meu nome como candidato à Presidência da República.
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Mesmo encarcerado em Curitiba, o companheiro mantém a voz de comando.
Sim, ainda terei de narrar os bastidores dessa decisão, que não foi unânime. A ala direita do partido, por exemplo, tentou sabotar meu nome. Acusa-me de “desvio trotskista”, certamente influenciada pelo, digamos assim, “pensamento bolsonarista”.
Não que isso seja inteiramente falso. Continuo, como sabem os melhores intérpretes do meu pensamento — as pessoas que me detestam —, fiel ao homem que demonstrou, como nenhum outro, que a nossa moral, que nos permite eliminar os adversários, é distinta da moral deles, que nos protege de sua fúria.
Isso, em particular, não deriva da hermenêutica bolsonarista porque eles seriam incapazes de entender o sentido da frase.
Todos sabem que abri mão de uma vaga no Supremo. Desisti do pleito em favor de Alexandre de Moraes. E me arrependi, claro!, porque o vejo, agora, aliado a extremistas de direita como Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
“Ora candidato a ministro indicado por Temer, ora candidato do PT, com as bênçãos de Lula? Onde está a coerência, Reinaldo?”
Bem, é difícil, hoje em dia, manter uma posição de princípio. Rosa sabe muito bem. A Weber, não a Luxemburgo.
Preferi adotar o princípio da colegialidade. Consultei trotskistas de um grupo de WhatsApp ao qual pertenço: “Os Vanquartistas”.
Expulsamos o Rui Pimenta por excesso de divisionismo. Até quando aprovávamos uma proposta sua, ele fazia questão de elaborar um voto em separado. Aí fica difícil crescer.
A vida tem dessas vicissitudes, não? Quando as forças de segurança da França, em 1968, foram a De Gaulle pedir que mandasse prender Jean-Paul Sartre, o presidente não teve dúvida: “A França não prende Voltaire”.
E o vesgo com “cara de terreno baldio” (pour lui même em “As Palavras”) continuou a distribuir seus panfletos maoístas… Ah, bons tempos!
Assim, digo eu, não posso resistir a um pedido de De Gaulle, comandando a resistência em seu exílio em Curitiba.
Há muito a fazer também no partido — e uma das tarefas é combater o revisionismo, que tira da mira o inimigo, buscando escarafunchar as nossas culpas.
Ao aceitar o convite de Lula (para mim, uma ordem), também vou ajustar as contas históricas com os stalinistas, já que nós, os trotskistas, nunca fomos revisionistas.
Afinal, sabemos que a revolução só não avançou por culpa da picaretagem — se é que me entendem.
Em suma, sou o candidato do PT à Presidência. E vou ganhar. Vão ter de me engolir.
E não se esqueçam, companheiros: terei dois ministros do Supremo para indicar. Já os escolhi.
Um é Vladimir Safatle. Ele não tem notório saber ou saber notório, mas não será o primeiro naquela Corte. De resto, preciso de alguém que tenha a clareza de que Lula só foi preso porque acreditou na democracia.
O segundo será Guilherme Boulos. É o notório saber das barricadas para enfrentar um verdadeiro lutador do direito (modalidade jiu-jitsu), como Luiz Fux.
Rumo à grande virada.
Viva a Quarta Internacional!
Abaixo, segue o texto de “The Piauí Herald”
Lula bate o martelo: Reinaldo Azevedo será o candidato do PT
FILIAL DO PT EM CURITIBA
“O novo candidato do PT é o Senhor Reinaldo”, afirmou uma abatida Gleisi Hoffmann na sede do Partido dos Trabalhadores em Curitiba.
“Reinaldo sempre bateu no PT, sempre reclamou, chamou de petralha, escreveu livros, deu palestras, mas finalmente enxergou a estrela brilhar. Ele é um metalúrgico da palavra. Com certeza vai longe no partido. Bem-vindo, companheiro”, afirmou o ex-presidente Lula através de nota lida por Hoffmann.
A decisão foi tomada em função da luta aguerrida de Reinaldo contra a prisão de Lula em segunda instância.
Rumores internos indicam que a decisão veio diretamente do ex-presidente, que teria dito que nem Gleisi, Lindbergh, Haddad ou qualquer outro quadro do partido lutaram tanto por sua liberdade quanto Azevedo.
O anúncio do colunista político como candidato do partido que combateu por muito tempo pegou muitos de surpresa, tanto em Brasília como no meio jornalístico.
Fontes próximas afirmam que assessores de Jair Bolsonaro convocaram reuniões de emergência para discutir o futuro da candidatura do caudilho de língua presa.
Ciro Gomes se expressou em uma entrevista de rádio, mas as palavras usadas pelo candidato não podem ser publicadas.
Marina Silva preferiu não comentar.
Por sua vez, o MBL convocou internautas de meia idade para um evento patrocinado pela marca de panelas Tramontina, que pedirá a intervenção de Reinaldo.
O blogueiro Arthur “Mamãe Falei” prometeu divulgar vídeo em que afirma ter sido agredido pelo novo candidato com olhares raivosos.
Joice Hasselmann, ex-escada e atual desafeto de Reinaldo, deu entrada em um hospital da região de Curitiba apresentando severo caso de bipolaridade.
Testemunhas afirmam que no momento de chegada ao hospital a apresentadora alternava acessos de raiva com exclamações de alegria.
A consolidação da candidatura agora depende apenas da definição de quem será o vice na nova chapa, mas a tarefa não parece fácil.
Enquanto Lula sugere Boulos ou Manuela, o PT tenta emplacar o nome de um tataraneto de Lênin que se filiou recentemente ao partido.
Todos os nomes foram vetados por Reinaldo, que considerou as opções muito à direita.