Na corrida do ouro do Velho Oeste, eu ficaria na estação de trem dando adeus.
Na bolha das tulipas, na Holanda do século XVII, eu iria para uma exposição em Holambra.
A bolha da internet explodiu na minha cara.
Agora, mais essa.
Bitcoin.
Se você é como eu, perdeu a vez.
Depois de intensa pesquisa sobre o assunto, descobri que o bitcoin é coisa do passado.
Mas calma!
Ainda existe uma remota chance de você ganhar uns trocos porque, apesar do bitcoin ser coisa do passado, há alternativas de criptomoedas para você investir.
Cripto vem do grego kruptos, algo como “escondido”, em referência ao fato dessas moedas serem criptografadas.
Essa é só uma informação irrelevante que você poderá usar, num papo de bar, para impressionar seus amigos que também não entendem nada do assunto.
O que importa mesmo é que existem centenas, milhares de outras criptomoedas para você perder dinheiro, digo, investir.
Importante entender que criptomoedas são baseadas em blockchains.
Blockchain, para você que não sabe, é uma palavra da moda que, quando inserida numa frase, faz você parecer um sujeito bem informado e um profissional alinhado com as tendências do mundo moderno.
Não se preocupe com o contexto em que você utilizar, pois ninguém sabe o que isso significa mesmo.
Por exemplo:
– Jarbas, estamos com um problema no recheio dos pastéis. Resolva isso.
– Claro, chefe. Com blockchain resolvo isso facinho.
O chefe olha para você, orgulhoso.
Blockchain e criptomoedas.
Aí você pergunta por que eu estou falando disso.
Porque estou cansado desse quaisquaisquais de esquerda, direita, liberalismo, capitalismo, socialismo, comunismo e outros ismos.
O que falta para a gente entender que nada disso pegou no Brasil?
Nós precisamos é de um sistema jabuticada com tudo que deu certo nesse País.
Por isso, quero propor um novo sistema de governo.
Moderno e atual.
O Blockchaincialismo.
Funcionará assim:
Teremos uma bolsa de valores de candidatos a presidentes.
Estou certo de que um desses bancos que botam no bolso seis bilhões de reais todo fim de semana vai topar administrar.
Na verdade, não teremos mais “candidatos”.
Teremos criptopresidentes.
Na bolsa, criaremos uma moeda para cada criptopresidente.
Bolsonaroin, Alckmoin, Ciroin, Marinoin e por aí vai.
Ao invés de votar (coisa medieval, meu Deus…), você compra moedas e valoriza seu presidente.
Durante quatro anos, ele vai dando ideias sobre qualquer assunto.
Se a moeda valorizar, as ideias são implementadas.
– Violência…preciso avaliar, mas acho que a coisa não está assim tão grave.
O Alckmoin cai.
– Vamos legalizar o assassinato!
O Bolsonaroin sobe, e o Congresso legaliza.
– Previdência? Buraco? Tá maluco?
O Ciroin arrebenta.
E assim vai.
Os liberais, principalmente, vão adorar essa ideia porque não existe mais Estado, e quem governará o País é ninguém menos do que a mão invisível do mercado, percebe?
Capitalistas vão gostar também, pois, ao mesmo tempo em que votam, ganham dinheiro. Do mesmo jeito de quando respiram.
Pensando bem, só quem não vai gostar são os de esquerda.
Mas, convenhamos, essa gente chata não gosta de nada nunca mesmo.